Setembro foi o segundo mês mais violento do ano em Goiânia, com 63 assassinatos. Fica atrás apenas de junho, quando foram registrados 80 homicídios. Foram seis mortes a mais que em agosto e 17 a mais que em setembro do ano passado. Entretanto, no Estado, o mês de setembro fechou com menos mortes que o mesmo mês no ano passado (206 contra 220) e mais do que em relação a agosto (206 contra 196).
O ano já é o que registra o maior número de mortes em confronto entre policiais e suspeitos de crimes, com 36 casos até dia 30. Oficialmente, para a Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO), aconteceram 56 homicídios em Goiânia e sete mortes em confrontos com policiais. Isso porque a SSP-GO não inclui em suas estatísticas as mortes em confronto com policiais.
Além dos 497 inquéritos abertos neste ano para apurar os homicídios em Goiânia, os nove delegados da Delegacia de Investigações de Homicídios são coordenadores das investigações a respeito do assassinato em série de mulheres em Goiânia, que vitimou 15 jovens entre janeiro e agosto deste ano; e da morte dos 46 moradores de rua ou de pessoas em situação de rua executadas desde agosto de 2012 na capital.
Em relação à força-tarefa criada há dois meses para investigar a morte de mulheres por um homem usando motocicleta preta e capacete preto, nenhum delegado fala do assunto. “Preferimos não falar para não atrapalhar a investigação. É para o bem da investigação”, disse o superintendente de Polícia Judiciária (SPJ) da Polícia Civil, delegado Deusny Aparecido Souza Filho. Cada delegado da DIH coordena a investigação de, no máximo, dois homicídios de mulheres na capital. Eles são auxiliados por outros sete delegados que não são da DIH.
Segundo Souza Filho, dos inquéritos que apuram as mortes dos moradores de rua ou em situação de rua, 16 inquéritos já foram encaminhados com autoria para a Justiça e outros 12 estão com autoria definida, prestes a serem remetidos ao Poder Judiciário.
Acúmulo
Quanto ao acúmulo de casos para investigar na DIH, Souza Filho disse que as características dos servidores da delegacia são a dedicação e a força de vontade em se desdobrar para dar conta do plantão, da investigação dos casos diários e aqueles que fazem parte da força-tarefa. “Dos casos de setembro, se resolverem 10 e outros tantos de meses e anos passados, é o normal. Uma investigação de homicídio dura, em média, dois anos nos casos mais complexos”.
Souza Filho acredita que o aumento populacional, o aumento da entrada de drogas no país, aliciando cada vez mais jovens - fenômeno que acontece em todo o país-, são os principais motivos para o aumento no número de homicídios não só em Goiânia. “É um fenômeno nacional. Aumenta o tráfico, o número de homicídios, de roubo, tudo. Quem dera pudéssemos aumentar nossas condições de combate ao crime também”.
O POPULAR tentou falar ontem com o delegado titular da DIH, Murilo Polati, mas ele informou que não poderia falar sobre o número de crimes na capital ou sobre o andamento das investigações.
Também não deu entrevista sobre uma jovem abordada por um homem em uma motocicleta preta, usando capacete preto, que roubou o celular da jovem na manhã de ontem, no Setor Oeste. Investigadores da delegacia não acreditam que o homem, flagrado em imagens de segurança de um estabelecimento comercial, seja o assassino em série de mulheres. Ao que tudo indica ele estava desarmado e não agiu da mesma forma que o suspeito dos assassinatos.
Angústia
Ontem à tarde, o pai do vendedor de roupas Rafael Ferreira dos Santos, de 30 anos, morto semana passada ao tentar roubar um carro na Avenida T-4 com a Avenida T-63, no Setor Bueno, foi até a Delegacia de Investigações de Homicídios (GIH) pedir informações sobre a morte do filho.
Ele e a mulher souberam da morte do filho na madrugada de segunda-feira, quando a polícia ligou para ele ir reconhecer o corpo do filho no Instituto Médico-Legal (IML). Segundo o homem, que preferiu não se identificar na matéria, o filho estava tomando cerveja em um bar da Vila Moraes com a esposa, quando dois amigos passaram no local e o chamaram para dar uma volta rápida.
Ele deixou a mulher no bar e saiu com os amigos. Eles foram direto para as proximidades de uma lanchonete na Avenida T-63, no Setor Bueno, e durante o assalto, foram confrontados por dois policiais militares que estavam em um restaurante ao lado.
Houve troca de tiros. Os dois comparsas fugiram de carro e Rafael levou quatro tiros, nas costas e nádegas. “Quero saber se a polícia vai prender os assaltantes que eram amigos do meu filho. Eles o levaram para esse caminho”, disse.
Rafael vendia roupas em uma banca na Rua 44, no Setor Norte Ferroviário. “Ele acordava todos os dias às 4 horas para ir trabalhar. Fazia isso há 2 anos, desde que saiu da cadeia”. Segundo o pai, ele cumpriu pena por furto e receptação e estava afastado de “coisas ruins” até sair com os dois “amigos”. Ele deixou esposa e uma filha de 5 anos.
Fonte: O Popular