Eram 19 horas de terça-feira quando Alice, de 15 anos, começou a gritar e se debater no sofá da sala do almoxarife Solom de Moura Júnior, de 38 anos. Ele morava sozinho na casa que fica na Rua Geraldo França, no Residencial Vitória, em Guapó, a 27 quilômetros de Goiânia. Há 10 dias ele havia convidado Alice e os amigos dela, José, de 16 anos, e João, de 17, para morar com ele até arrumarem uma casa para alugar. (Os nomes dos adolescentes são fictícios)
Os rapazes tinham saído e ele aproveitou para estuprar Alice. O que Solom não esperava é que João e José voltassem logo. Ao ouvirem os gritos de Alice, correram para dentro de casa, encontrando Solom sobre a amiga. Os dois tiraram a amiga das mãos de Solom, o agrediram e o mataram.
Os três amigos saíram do local e contaram o que tinham feito a dois amigos, também adolescentes. Elias e Antônio, ambos de 16 anos.
Os dois foram na casa e para ajudar os amigos, resolveram colocar fogo nos dois quartos e na sala onde estava o corpo. A intenção era fazer a polícia acreditar que Solom morreu no incêndio.
No entanto, o barulho e chamou a atenção de vizinhos, que viram quando os dois saíram da casa e acionaram o Corpo de Bombeiros e a polícia. Foram os vizinhos de Solom que começaram a combater o fogo com uma mangueira de uma das casas. “Quando os Bombeiros chegaram o fogo estava controlado e o debelou”, contou a conselheira tutelar de Guapó, Maria José Araújo, que acompanhava os adolescentes ontem na Delegacia da cidade.
Ela conta que os três envolvidos no homicídio são oriundos de lares desestruturados. “Os dois rapazes, por exemplo, possuem várias passagens no Conselho Tutelar e na delegacia por atos infracionais, como lesões corporais e furto”.
A adolescente chegou na cidade há um mês. Ela é de Vitória (ES) e ficou na cidade desde que o marido foi preso em Posselândia, distrito de Guapó, por roubo de carro. A adolescente contou ao delegado Alexandre Netto Moreira, titular de Guapó, que os pais estão internados no Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia, baleados no início da semana, vítimas de bala perdida.
A conselheira tutelar conta que José vem de uma família desestruturada. Homossexual, o adolescente não foi aceito pelo pai. Ele morava com a mãe, mas depois que começou a usar drogas e a se prostituir ficou violento e batia na mãe. Depois de espancar a mãe e tentar colocar fogo na casa, o padrasto teria expulsado José de casa e mudado com a mulher para Varjão. Ambos são lavradores.
José chegou a morar em uma casa na Vila João Pedro, mas acabou indo morar com Solom. João também vem de um lar desestruturado. Os pais se separaram e ele foi jogado de uma casa para outra por um tempo até ir morar com a avó em Guapó. Idosa e acometida por diabetes, que a deixou cega e com vários problemas de saúde, a avó não conseguiu colocar limites em João.
Foi através do conselho que o pai dele levou João e os irmãos para morar com ele na fazenda onde trabalha. João saiu da fazenda no final de semana dizendo ao pai que iria para a cidade ficar uns dias com a avó e foi direto para a casa de Solom ficar com os amigos.
Os três adolescentes foram apreendidos em flagrante e autuados por homicídio qualificado e pelo incêndio da casa para destruição do cadáver. Ontem à tarde, depois de ouvir os adolescentes, descobriu-se que outros dois adolescentes de 16 anos, Elias e Antônio, amigos dos envolvidos no crime, estiveram na casa e teria sido Elias que resolver atear fogo na casa.
Fonte: O Popular