A rivalidade entre as torcidas do Goiás Esporte Clube e do Vila Nova é a principal linha de investigação da Polícia Civil em relação à morte do assistente administrativo Evandro Rodrigues Cavalcante, de 37 anos, ex-presidente da Força Jovem, às 7 horas de ontem.
Evandro estava trancando o portão de casa, na Rua SR-16, no Parque Santa Rita, para ir trabalhar. Um amigo passava todos os dias na casa dele para irem juntos ao trabalho. Ele contou para a polícia que um homem armado apareceu gritando que era da polícia. Evandro saiu correndo e foi perseguido, com o homem atirando.
O atirador estava em um Focus preto, provavelmente com mais uma pessoa. Na esquina da casa estava outro carro, branco, com pelo menos mais uma pessoa, segundo testemunhas. Evandro correu cerca de 300 metros, até as proximidades da casa da mãe dele, onde foi atropelado pelo Focus. O atirador chegou e atirou cerca de 10 vezes, atingindo Evandro cinco vezes, nas costas, peito e cabeça.
Assim que começou o tiroteio, o amigo de Evandro pulou o muro de uma casa e refugiou-se, saindo após a fuga do atirador, que teria entrado no Focus. O carro foi encontrado minutos depois, a 2 quilômetros do local do crime, na Alameda Ermínio Coelho de Morais, no Residencial Rio Verde.
O Focus era roubado e estava com placa clonada, segundo a delegada Flávia Santos, adjunta da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), responsável pelo caso. Ele tinha perfurações na lataria, que indica duas prováveis situações: a de fogo amigo (na possibilidade dos ocupantes do carro branco também terem atirado em Evandro e atingido o Focus preto) e caso Evandro estivesse armado e reagido à emboscada. “Nenhuma arma foi encontrada com a vítima”, ressaltou.
O veículo está no pátio do Complexo de Delegacias Especializadas, na Cidade Jardim, para ser periciado.
Segundo a delegada, Evandro tinha passagens na polícia por uma tripla tentativa de homicídio, cujas vítimas torcem para o Vila Nova e pelo homicídio de Lucas Arantes Silva de Morais, de 17 anos, namorado da filha de Evandro e também vilanovense.
Lucas Morais foi morto em um terminal de ônibus do Residencial Goiânia Viva, no dia 17 de agosto de 2011, dia de jogo entre Goiás e Vila Nova. Foram acusados do crime, na época, Rodrigo Rodrigues de Souza, Laion Victor Bispo Dias e Evandro, que seria o mandante. Eles chegaram a ficar presos e em decorrência disso Evandro acabou afastando-se da torcida e de estádios. Rodrigo foi morto oito meses depois em novo confronto entre torcedores dos dois times.
Sem provas contra eles, Evandro e Laion Victor acabaram impronunciados pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara em 2013. “Vamos analisar se essa absolvição motivou, por exemplo, a morte por vingança”, analisou a delegada. Ela pretende ouvir nos próximos dias, parentes e amigos e Evandro para saber da rotina dele e verificar se estava envolvido com algo ilícito, recebendo ameaças ou algo que pudesse colocá-lo em risco.
O POPULAR divulgou em março do ano passado que já haviam acontecido 18 mortes de torcedores do Goiás e do Vila Nova nos quatro últimos anos em Goiânia. Até aquela época, apenas três casos haviam sido julgados e, segundo o jornal, a falta de punição incentivava a guerra entre as duas torcidas.
Fonte: O Popular