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19/09/2014 - Polícia Civil apreende avião com R$ 500 mil e santinhos de candidato do TO

O Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Itumbiara prendeu na tarde de ontem, no Aeroporto de Piracanjuba, quatro pessoas que, segundo a polícia, teriam ligação com o candidato ao governo de Tocantins pelo PMDB, Marcelo Miranda. No avião que eles conduziam, a Polícia Civil apreendeu R$ 504 mil em dinheiro e 5 quilos de material gráfico do candidato; santinhos, segundo a polícia.

De acordo com o titular da delegacia de Itumbiara, Ricardo Chueire, o dinheiro foi sacado na agência da Caixa Econômica Federal (CEF) de Piracanjuba e ainda estava envolto em papeis do banco na hora do flagrante, que foi feito na pista com o avião já com o motor ligado

À TV Anhanguera do Tocantins, Marcelo Miranda disse ontem que desconhecia essa informação, mas frisou que se ocorreu algo errado alguém teria de se explicar. “Eu realmente não posso falar nada mesmo porque não conheço essa questão até o momento”, disse Marcelo. Questionado sobre seus santinhos que estavam no avião, Marcelo voltou a repetir que não tem conhecimento sobre o assunto e frisou que sua campanha é aqui no Tocantins. Em relação ao dinheiro, que segundo a Polícia Civil os presos informaram que seria gasto na campanha do candidato ao governo do Estado pelo PMDB, Marcelo disse: “Se esse cidadão está falando, que ele prove que foi para a minha campanha. Eu não me submeteria a isso, estão tentando macular minha imagem”.

De acordo com Chueire, as quatro pessoas presas em Piracanjuba são o piloto Roberto Carlos Maya Barbosa, de 48 anos, o segurança Lucas Marinho Araújo, 24, Douglas Marcelo Alencar Schimitt, 38, que comandava o grupo, e Marco Antônio Jayme Roriz, 46. Um deles é de Piracanjuba e seria laranja em um suposto esquema de lavagem de dinheiro, segundo a polícia. Essa pessoa que teria sacado o dinheiro na CEF. Os quatro presos foram autuados por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime contra a ordem financeira.

Ontem, até o fechamento da edição, os quatro estavam sendo ouvidos pelo delegado Rilmo Braga, de Itumbiara, que coordenou a operação junto com o delegado Vicente Oliveira, de Piracanjuba. A princípio, a polícia apurava denúncias de tráfico de drogas.

O avião apreendido é um bimotor prefixo PR GCM, de Tocantins, e seria do empresário tocantinense Ronaldo Japiassudo, amigo de Marcelo Miranda. Japiassu atua no ramo da construção civil e mantém negócios agropecuários em Porto Nacional. O avião foi periciado ontem mesmo por uma equipe de Morrinhos.

A polícia apura se o dinheiro encontrado no bimotor seria usado na campanha de Marcelo Miranda e, segundo Chueire, “se houver indícios de que seria usado na campanha, a Polícia Civil vai comunicar à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral para que o caso seja apurado”.

Marcelo Miranda lidera a pesquisa de intenção de votos para o governo do Tocantins, segundo o levantamento Ibope encomendada pela TV Anhanguera e divulgado no último dia 11. Com 48% das intenções de votos contra 33% de Sandoval Cardoso (SD), o peemedebista tem chances de vencer no primeiro turno.

Suposto líder teria contrato com governo

Douglas Marcelo Alencar Schimmitt, apontado pela Polícia Civil de Goiás como suposto cabeça do grupo detido ontem em Piracanjuba, foi o representante da empresa Via Dragados em contrato celebrado com governo, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem do Tocantins (Dertins).

Na época o órgão era época presidido por José Edmar Brito Miranda, pai do candidato a governador Marcelo Miranda (PMDB). As informações são do Boletim Oficial do Tribunal de Contas do Estado (TCE-TO), de 3 de outubro de 2012.

Já o piloto Roberto Carlos Maya Barbosa mora em Palmas e prestaria serviço para diversos políticos do Estado, segundo informações repassadas por conhecidos.

O Jornal do Tocantins tentou falar com Ronaldo Japiassu, mas as ligações feitas a sua residência não foram atendidos.

Ex-governador foi cassado em 2009

Governador do Tocantins em duas oportunidades, Marcelo Miranda (PMDB) teve o mandato cassado em 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por compra de voto, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2006.

Por conta desse crime, a candidatura de Marcelo ao governo do Tocantins neste ano chegou a correr risco. Inelegível por oito anos, o peemedebista teve o pedido de registro indeferido pelo Ministério Público Eleitoral, mas no entendimento do TSE, a inelegibilidade expira em 1º de outubro, quatro dias antes da eleição. O prazo começou a contar em 1º de outubro de 2006, quando Miranda ganhou a eleição já no primeiro turno.

No início da semana, enfrentou a indisponibilidade dos bens em nome do peemedebista. A ordem judicial foi emitida após recebimento de ação oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) e que aponta suposto esquema para desviar dinheiro público a partir da contratação de uma organização da Sociedade civil de interesse público (Oscip) durante o governo de Marcelo. No total, R$ 23 milhões teriam sido retirados dos cofres público, segundo as investigações do MPF.

Fonte: O Popular