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16/09/2014 - Violência doméstica em Goiânia

Um mapeamento da Secretária de Saúde de Goiás aponta que os bairros Jardim Guanabara, Novo Mundo e Setor Central tiveram os maiores números de casos de violência doméstica em Goiânia neste ano. De acordo com o boletim, que é emitido semanalmente, os três bairros têm, juntos, 50% do total de notificações, ou 72 ocorrências.

O relatório soma o número de vítimas que foram atendidas em unidades de saúde nos 15 bairros com maior número de homicídios dolosos de capital. São consideradas notificações em que há suspeita ou confirmação da violência física, sexual, psicológica e negligência. No acumulado de janeiro deste ano até o dia 4 deste mês foram somados 144 casos em toda a cidade. Destes, 28 ocorreram no Jardim Guanabara. Jardim Novo Mundo e Setor Central empataram com 22 casos cada.

Segundo Maria Cecília Machado, diretora do Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser (Cevam), organização não governamental que oferece abrigo às mulheres vítimas de violência doméstica, o diagnóstico é compatível ao vivenciado diariamente no Cevam.

“Esses bairros concentram um índice enorme de pessoas que são usuárias de drogas, além do fluxo de moradores flutuantes, que é alto. O Guanabara, por exemplo, está perto da Ceasa [Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás], o Centro tem um fluxo enorme de moradores de rua. A violência doméstica está intimamente ligada ao uso de drogas, bebidas”, diz.

Entretanto, ela ressalta que o número não corresponde à realidade do total de vítimas. “É muito baixo, mediante o número de denúncias e de atendimentos que fazemos aqui no Cevam. Aqui mensalmente atendemos em torno de 70 mulheres”, afirma Maria Cecília.

Homens
O mapeamento também identificou que vítimas do sexo masculino representam 44% dos casos de violência doméstica nos mesmos bairros. De janeiro até quinta-feira (4) foram registrados 136 casos de agressões domésticas, sendo que destes, 64 tiveram homens como vítimas.

Maria Cecília diz que 70 mulheres vítimas de violência são atendidas no Cevam por mês (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Maria Cecília diz que 70 mulheres são atendidas no
Cevam por mês (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

De acordo com a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Violências e Acidentes da Secretaria, Maria de Fátima Rodrigues, o dado ainda será objeto de um estudo mais profundo, mas uma das hipóteses levantadas é de que o alto número seja impulsionado por casos de tentativa de suicídio.

“Dentre as notificações de violência que recebemos também envolvem a tentativa de suicídio. Sabemos que estes casos estão em uma crescente e que a maioria das vítimas é do sexo masculino, então esse número pode estar retratando essa realidade”, afirma.

Olhos perfurados
Um dos casos de violência doméstica na capital que chocaram o país foi o da operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, 27 anos, que foi torturada e teve os olhos perfurados pelo ex-marido, Wilson Bicudo. O homem usou uma faca de mesa para agredir a vítima, em 29 de setembro de 2013.

Na época, ela informou, em entrevista à TV Anhanguera, que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda. Após 21 dias foragido, o suspeito se entregou à Polícia Civil. Em julgamento, no dia 19 de  março deste ano, Bicudo foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado por tentativa de homicídio triplamente qualificada.

Fonte: G1 Goiás