A Polícia Federal (PF) deflagrou no início da manhã desta terça-feira (16/9) a segunda etapa da Operação Caverna de Platão, cujo objetivo é investigar a atuação de pessoas que se associaram para praticar crimes contra o INSS e a Caixa Econômica Federal (CEF). A ação conta com apoio do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), que está supervisionando a operação, e com a colaboração da Representação da Assessoria de Análise e Pesquisa do Ministério da Previdência Social em Goiás (REAPE/MPAS/GO) e do Núcleo de Segurança Bancária da CEF.
As investigações começaram em 2012. Esta primeira fase foi classificada como sigilosa e se deu a partir de notícia-crime encaminhada pela Justiça Eleitoral em Caldas Novas segundo a qual haviam pessoas inexistentes que estavam inscritas como sendo eleitoras, além de indícios de que estariam recebendo benefícios previdenciários indevidos.
Segundo os investigadores, chamou atenção a existência de um número muito grande de alistamentos eleitorais de pessoas cujos registros de nascimento fora feito tardiamente, na fase adulta, sempre no mesmo Cartório de Registro Civil de Marzagão (a 195 km de Goiânia). Em nota enviada à imprensa o MPF-GO registra o fato de o município possuir população estimada pelo IBGE de apenas 2.072 habitantes.
A partir dos levantamentos iniciais feitos pela REAPE/MPAS/GO, chegou-se a mais de 1.197 certidões de nascimentos tardias e falsas, emitidas pelo cartório de Marzagão, das quais 570 foram utilizadas para a obtenção de benefícios assistenciais, como amparo social a idosos, de maneira fraudulenta em agências do INSS. Dessas, 201 são do Estado de Goiás. O prejuízo estimado ao INSS é de cerca de R$ 7,5 milhões.
As investigações apontaram ainda que parte dos suspeitos se associou a um segundo grupo que também atuava com vistas a aplicar golpes na CEF. Esse grupo utilizava-se de documentos públicos falsos produzidos pelo titular do cartório de Notas de Marzagão –– embora devesse estar afastado das suas funções por ato da Corregedoria-geral de Justiça, ele continuou a operar em uma espécie de cartório paralelo. Dessa maneira, eram obtidos de forma fraudulenta financiamentos vinculados ao exercício da atividade rural, bem como saques indevidos de quantias milionárias por meio do nome dos verdadeiros titulares.
Fonte: Jornal Opção