A questão da segurança pública domina os debates nas eleições deste ano, com os presidenciáveis, governadoriáveis e senatoriáveis dando ênfase às suas propostas, principalmente diante dos crescentes índices de violência, com maior ênfase nas grandes cidades brasileiras.
Também os candidatos à Câmara Federal e Assembleia Legislativa aproveitam os programas de propaganda política no rádio e televisão para apresentar suas ideias e suas opiniões sobre as medidas mais eficazes para reduzir os índices de criminalidade no País e em Goiás.
Diante desse ambiente, as corporações policiais goianas lançam nomes para a Assembleia Legislativa, principalmente em busca de maior representatividade no processo político estadual. Sendo assim, policiais militares, civis e bombeiros se mobilizam para que haja conquista de expressiva bancada no Legislativo goiano, abrindo espaço para que a voz dos representantes das polícias esteja presente.
Dos 769 candidaturas registradas no Tribunal Regional Eleitoral para concorrer às 41 cadeiras da Assembleia Legislativa, 22 são de oficiais ou praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, delegados, agentes e escrivães da Polícia Civil.
Os candidatos ligados à área da Segurança Pública integram as coligações dos principais candidatos ao governo de Goiás: Marconi Perillo (PSDB), Iris Rezende (PMDB), Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT).
QUEM SÃO
Conheça os representantes da área de Segurança Pública na campanha eleitoral deste ano em Goiás: Capitão Wayne (PHS), Ademar Luiz Oliveira (PSL), Coronel Carlos César Macário (PRB), Coronel Nonato (PSD), delegada Adriana Accorsi (PT), Deputado-Major Júnio Alves Araújo (PRP), Deputado-delegado Marcos Martins (PSDB), Sargento Alberto (PTN), Sargento Neves (PMDB), Cabo Arlindo (PEN), Cabo Pereira (PSDC), Sargento Genyslane (PTN), Sargento Pereira (PSL), Major Carneiro (SDD), Silveira Alves (PSB), Cabo Meire (PMN), Soldado Caetano (PDT), Escrivã Nelma Felix (PDT), Bombeiro Araújo (Pros), Sargento Sílvio (PMN) e Sargento Wadson Araújo (PEN).
Os candidatos policiais debatem, nesta campanha eleitoral, propostas para reduzir os índices de criminalidade no Estado. Nos eventos de campanha, apresentam suas ideias e propostas que, sendo eleitos, os futuros deputados pretendem formalizar no plenário do Legislativo e, também, propor ao governo do Estado.
Entre as propostas, estão: maior percentual de recursos do Orçamento do Estado para a área da segurança pública para aumento do efetivo policial, equipamentos, viaturas, treinamento de profissionais e em tecnologia de informação. Há, também, necessidade de recuperação e ampliação das estruturas físicas das unidades policiais, como quartéis, delegacias e penitenciárias.
Há, segundo os candidatos, sobrecarga de trabalho do atual contingente policial em duas regiões com índice populacional elevado: Metropolitana da Capital e Entorno do Distrito Federal.
PROPOSTAS
Coronel Carlos César Macário (PRB), atualmente na reserva da PM e ex-subcomandante-geral da corporação, tem como principal proposta a criação de uma defensoria pública para os policiais. Ele sustenta que, quando há confronto entre policial e bandido, no qual o criminoso acaba levando a pior, o servidor público termina penalizado por ter que contratar advogado para fazer a sua defesa. Segundo ele, a grande maioria dos policiais não tem condições financeiras de pagar altas cifras a advogados. “O Estado é que deve fazer a defesa dos policiais, que representam o poder público na defesa da sociedade.”
Coronel Macário, sendo eleito, vai propor projetos de lei que criem creches e vagas em colégios militares para filhos de policiais.
O policial candidato diz que o governo federal precisa transferir aos estados quantidade maior de recursos financeiros a serem aplicados em segurança pública. “Essa cartilha que vem do governo federal apenas persegue o policial, beneficia o bandido e prejudica a sociedade. Ou este quadro muda, ou a segurança pública no Brasil será sempre precária, deficitária.”
O delegado Marcos Martins, deputado estadual pelo PSDB, já foi duas vezes diretor-geral da Polícia Civil e idealizador das Delegacias Estaduais de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar), a de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), os grupos Anti-Sequestro e Tático 3 (GT3), além do Programa de Qualidade da Polícia Civil.
Na Assembleia Legislativa, Marcos Martins foi relator de todos os projetos enviados pelo governo estadual tratando sobre reajustes de salários dos policiais civis, militares e bombeiros, além de iniciativas voltadas para o fortalecimento da segurança pública.
Marcos Martins apoia as propostas apresentadas pelo governador Marconi Perillo de investimentos na área de Segurança Pública, principalmente nas estruturas física e humana para atender as demandas da sociedade.
O deputado tucano defende o aumento de número de delegacias 24 horas na região Metropolitana de Goiânia, onde é maior a incidência de homicídios, assaltos, furtos e roubos de veículos. Ele acredita que a Capital comporta pelo menos dez centrais de flagrante, distribuídas em locais estratégicos da cidade. Ele propõe também a criação da Patrulha Policial Rural, já que Goiás é um estado agropecuário.
Marcos Martins diz que o governo federal falha no trabalho de guarnecer as fronteiras do país, por onde entram as drogas e armas que abastecem o crime organizado. “É preciso maior investimento do governo federal em segurança pública e também em programas que venham diminuir as desigualdades sociais.” O delegado deputado diz que o brasil precisa precisa ter uma legislação penal e processual penal mais “rigorosa”.
O Capitão Wayne (PHS), filho do delegado de polícia e ex-deputado estadual Rosiron Wayne, diz que apenas com o fortalecimento das polícias militar, civil e bombeiros haverá redução da criminalidade no Estado. Ele prega também leis mais rígidas que resguardem crianças e adolescentes da pedofilia, além de mecanismos de proteção às mulheres, vítimas de agressões de companheiros. Para ele, é preciso também aprimorar a segurança no trânsito. “90% dos pacientes nos hospitais são vítimas de acidentes de trânsito”.
Ademar Luiz de Oliveira (PSL), agente de polícia e presidente licenciado da União Goiana dos Policiais Civis (Ugopoci), defende maior aplicação de recursos públicos no aprimoramento da segurança pública em Goiás. Para ele, os policiais precisam ser valorizados para que possam desempenhar, de forma mais adequada, as suas funções em defesa da sociedade. “É preciso aumentar o efetivo, melhorar os vencimentos e também as condições físicas e materiais para o bom desempenho do policial.”
Ademar Luiz de Oliveira é de opinião que a segurança pública deve ser tratada com a participação dos governos federal e estadual e das prefeituras. “É preciso uma ação conjunta dos poderes constituídos para que haja ações integradas no trabalho de combate à criminalidade.”
O policial candidato lembra que há um déficit no quadro da Polícia Civil em Goiás, pois são apenas 3.775 servidores, entre delegados, agentes, escrivães e instituto de identificação, um número considerado baixo para as demandas do Estado, cuja população chega a 6 milhões de pessoas. “Em menos de 70% dos municípios goianos contam com a presença de policiais e essa realidade precisa mudar.”
A delegada Adriana Accorsi (PT), filha do ex-prefeito Darci Accorsi e ex-diretora-geral da Polícia Civil, diz que, eleita deputada estadual, vai dedicar o mandato pela garantia dos direitos da criança e adolescente. Ela destaca que vai defender políticas de prevenção do envolvimento de jovens com drogas e a efetividade da Lei Maria da Penha. “Precisamos de mais políticas de prevenção ao uso de drogas, prevenção e rigor para combater a pedofilia e fortalecimento dos mecanismos de combate à violência contra a mulher.”
Adriana Accorsi diz que as políticas públicas de segurança pública devem estar voltadas para melhorar as condições de trabalho aos policiais, com aumento dos efetivos compatíveis com a demanda da sociedade, além de melhorias na capacitação dos servidores.
O deputado Major Júnio Alves Araújo (PRP) já foi presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Miltiar e Bombeiros Militar de Goiás (Assof). Oficial da PM desde 1997, Araújo é vice-presidente da União dos Militares do Estado de Goiás (Unimil), entidade que reúne praças e oficiais.
Major Araújo acredita que uma das primeiras providências para a redução da criminalidade no Estado é o aumento dos efetivos da PM, Polícia Civil, Bombeiros e Polícia Científica, além da melhoria dos vencimentos. Para ele, é preciso investir também na estrutura da segurança pública, dotando os policiais de melhores condições materiais e físicas para o bom desempenho.
O militar deputado cobra dos governos federal e estadual maiores recursos na área de segurança pública. “Sem planejamento e sem mais dinheiro na segurança pública, não há como ter resultados expressivos no combate à violência. É hora de os poderes públicos sentarem à mesa e definir políticas eficazes para a área de Segurança Pública.”
Fonte: Jornal Diário da Manhã