O estudante de psicologia Carlos Eduardo Sundfeld, de 28 anos, réu confesso do assassinato do cartunista Glauco Villas Boas e do filho dele, Raoni Villas Boas, foi indiciado por latrocínio, tentativa de latrocínio, receptação e porte ilegal de arma de fogo nos inquéritos que apuram a morte de Mateus Morais Pinheiro, de 21 anos, e a tentativa de latrocínio de Marcos Vinícius Lemes D´Abadia, de 42. Nos autos, o delegado Thiago Damasceno Ribeiro, chefe do Grupo de Repressão a Latrocínios da Delegacia Estadual de Homicídios, sustenta que Cadu, como o suspeito é conhecido, cometeu os crimes em sã-consciência, como membro de uma quadrilha especializada em roubo de veículos.
Os inquéritos dos dois crimes foram concluídos ontem e encaminhados à Justiça no fim da tarde. Neles, Ricardo Pimenta Andrade Júnior, de 33 anos, parceiro de Cadu, é indiciado por receptação do Honda Civic tomado em assalto de Mateus Pinheiro e de um Honda City roubado no dia 9 de agosto, no Parque Amazônia, usado para cometer o latrocínio e a tentativa de latrocínio.
Consciente
Carlos Eduardo foi preso no dia 1º de setembro, nas proximidades da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, durante uma abordagem policial coordenada por Thiago Damasceno, quando conduzia o Honda Civic. Dois dias depois, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva e o detento, encaminhado para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional, em Aparecida de Goiânia.
Carlos Eduardo foi considerado inimputável (incapaz de responder por seus atos) pela Justiça de São Paulo, onde foi instaurado o inquérito sobre a morte do cartunista e do filho. O delegado Thiago Damasceno informou ontem ao POPULAR que considera que Cadu atuou como pessoa consciente dos seus atos ao praticar os dois crimes em Goiânia e não como alguém usado por supostos líderes da quadrilha. A decisão de considerar o suspeito como doente mental e de transferi-lo para tratamento em unidade psiquiátrica, conforme diz, será definida pela Justiça.
Cadu estava em liberdade desde agosto do ano passado. Na ocasião, a juíza Telma Aparecida Alves Marques, da 1ª Vara de Execuções Penais de Goiânia, avaliou que a esquizofrenia apresentada por Cadu estaria sob controle e que ele poderia permanecer junto à família. Carlos Eduardo chegou a matricular no curso de psicologia da Universidade Salgado de Oliveira. A reportagem tentou ouvir o advogado de Cadu, Sérgio Divino Carvalho Filho, sobre o indiciamento, mas ele não atendeu ao telefone.
Os crimes
Cadu foi identificado em 2 roubos
28 de agosto – O agente prisional Marcos Vinícius Lemes D´Abadia reage a uma tentativa de assalto quando conduzia uma Saveiro branca, no Setor Bueno, e é ferido com três tiros na cabeça. Imagens da câmera de segurança apontam a participação de Cadu no crime. Testemunhas também o reconheceram.
31 de agosto de 2014 – Mateus Morais Pinheiro, de 21 anos, é assassinado a tiros na Praça do Ipê, no Setor Bueno. Ele estava em um Honda Civic com a namorada quando o assaltante bate com a arma no vidro do carro e determina que ele desça do veículo. As câmeras de segurança mostram que a abordagem foi feita por Cadu e que outras duas pessoas participaram do crime.
O envolvimento de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, na tentativa de latrocínio de Marcos Vinícius Lemes D´ Abadia e no latrocínio (roubo seguido de morte) de Mateus Morais Pinheiro é confirmado por testemunhos e provas técnicas e periciais.
Em todos os depoimentos prestados ao delegado Thiago Damasceno Ribeiro, chefe do Grupo de Repressão a Latrocínios da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios, Cadu afirma que teria sido contratado apenas para pegar o Honda Civic, que sabia que era roubado.
Thiago Damasceno afirmou ao POPULAR que Cadu foi reconhecido por duas testemunhas como o homem que abordou e atirou no agente prisional no dia 28 de agosto. O suspeito também foi reconhecido como a pessoa que atirou contra Mateus Morais Pinheiro. O crime foi registrado por câmeras instaladas nas imediações. Exames periciais confirmaram que a bala que causou a morte do jovem saiu do revólver apreendido com Cadu.
Fonte: O Popular