O pai de um dos jovens suspeitos de assaltar comércios em Goiânia, que não quis se identificar, definiu a atitude do filho e dos dois sobrinhos como um "minuto de bobeira". Os três foram presos no último sábado (6), após um roubo a um posto de combustíveis e uma mercearia na capital.
O homem, que é empresário, disse à reportagem da TV Anhanguera que os rapazes, com idade entre 18 e 23 anos, têm tudo e possuem uma boa família. Ele quer que os jovens respondam pelos crimes em liberdade, já que têm endereço fixo, profissão e nenhuma passagem anterior pela polícia.
Logo após serem detidos, os jovens afirmaram que possuem recursos financeiros. “Nunca precisei de dinheiro”, disse Wanderley Pereira da Silva Neto, 18 anos, auxiliar administrativo. Henrique Damando Peixoto Santos, 23 anos, também alega que “tinha dinheiro, não precisava”. O terceiro envolvido, Victor Fernandes de Paiva Bahia , 19 anos, cursa engenharia civil em uma faculdade particular de Goiânia.
Os policias que os detiveram ficaram indignados com as declarações dos jovens. Segundo o tenente da PM Antônio Carlos Morais Júnior, um dos rapazes o relatou que ganha R$ 10 mil por mês. “Não dá para entender. E assim, nossa sociedade fica aí a mercê até de classe média, até de classe média alta cometendo roubo”, disse o tenente.
A situação também deixou indignada a proprietária da mercearia assaltada. De acordo com a comerciante, que não quis se identificar, os jovens levaram tudo que tinha no caixa, cerca de R$ 100. “Se não precisa, então como é que roubou, né? Como é que foi roubar? É estranho falar que não precisava. Eu estava trabalhando. É o meu ganha pão. Então a pessoa chega lá e rouba a única coisinha que a gente tem”, disse a vítima.
Crimes
Câmeras de segurança registraram o momento em que os primos assaltam um posto de combustíveis. Eles levaram R$ 200 do frentista.
Na mercearia, segundo relato da proprietária, dois dos suspeitos entraram como qualquer outro cliente no comércio e compraram uma garrafa de água. Eles pagaram R$ 1 pelo produto e, quando estavam de saída, voltaram e assaltaram a comerciante, que estava trabalhando no caixa.
Os jovens foram presos porque, depois de assaltar a mercearia, uma testemunha anotou a placa do carro que eles fugiram, um VW Golf. Policiais militares localizaram o veículo, que foi comprado há uma semana pela avó de Henrique. A polícia apreendeu com o trio um revólver, uma porção de maconha e R$ 600.
O celular de um dos suspeitos também foi vistoriado pelos policiais. Mensagens compartilhadas entre eles pelo aplicativo Whatsapp mostram a intenção de cometer crimes. Apesar das declarações de que têm condições financeiras, eles escreveram que precisavam de dinheiro para ir a uma festa. “Uai, velho, tem a festa lá, né? Tenho grana, mas é pouco, se você arrumasse uma moto, era o canal", disse um deles. Em resposta, Henrique diz: “Vamos fazer igual nós fizemos. Você para na esquina”.
Prisão
A Polícia Civil autuou o trio em flagrante por assalto e uso de drogas. O delegado responsável pelo caso, Gilberto Ferro, informou que eles devem responder por roubo qualificado. Caso sejam condenados, eles podem pegar até 13 anos de prisão.
Segundo a polícia, os jovens não explicaram porque cometeram o ato. “Geralmente, eles não justificam, mas foram apreendidos com droga. Hoje a droga é a centelha para o crime. Quem usa droga está pronto para cometer qualquer tipo de crime. Acredito que eles iriam praticar mais crimes caso não fossem presos”, disse Gilberto Ferro.
Os jovens foram transferidos pra carceragem da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, onde havia vaga para os três. Até o início da tarde desta segunda-feira (8), eles continuavam detidos.
O delegado acredita que eles devem ser libertados a qualquer momento. “Considerando que a liberdade é regra e a prisão é exceção, nós acreditamos que a qualquer momento eles podem ser colocados em liberdade. Mas o Poder Judiciário está com muito rigor nas pessoas que cometem roubos com curso de pessoas e com utilização de arma de fogo para ameaçar as vítimas. Esperamos que passem pelo menos três meses presos para deixar a população em paz”, afirmou o delegado.
Fonte: G1 Goiás