A Polícia Civil prendeu, nesta segunda-feira (1º), Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 29 anos, e outro homem, que não teve a idade divulgada, suspeitos de cometerem um latrocínio (que é roubo seguido de morte) e uma tentativa de latrocínio em Goiânia. Carlos Eduardo, conhecido como Cadu, é acusado de matar o cartunista Glauco Vilas Boas e o filho dele, Raoni Vilas Boas, em 2010.
De acordo com o delegado Thiago Damasceno a prisão ocorreu após ele identificar o carro roubado em um dos crimes, ocorrido no domingo (31).
“Eu tinha a placa e as características do Honda Civic que foi roubado no domingo, de um jovem de Goianésia. E hoje, dirigindo pela cidade, eu avistei esse carro e comecei a persegui-lo. Eu pedi ajuda de um guarda municipal. Ao perceber que estava sendo seguido, ele subiu na calçada e tentou fugir, mas acabou batendo no muro e foi rendido”, disse o delegado ao G1. Segundo ele, Cadu atirou contra os policiais, mas ninguém se feriu.
Liberdade
Apesar de ter confessado a morte do cartunista Glauco e do filho dele, Cadu, que tem esquizofrenia, não chegou a ser julgado porque a Justiça o considerou inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos. A doença mental não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratada.
Incluído no Programa de Atenção integral ao Louco Infrator (Paili), ele passou por tratamento em uma clínica psiquiátrica de Goiânia, mas, em agosto de 2013, a Justiça de Goiás decidiu que ele podia receber alta médica. A decisão foi tomada pela juíza Telma Aparecida Alves, da 4ª Vara de Execuções Penais.
A medida foi embasada na avaliação médica do Tribunal de Justiça de Goiás, feita em junho daquele ano, em que o rapaz recebeu parecer favorável à liberação. Segundo a decisão, Cadu, que tem esquizofrenia, estava apto a passar a fazer tratamento ambulatorial, em vez de ficar internado.
Perseguição
Segundo o delegado Damasceno, Cadu dirigia um carro roubado quando foi perseguido nesta segunda. Esse veículo havia sido levado durante um assalto no Setor Oeste, na noite de domingo (31), quando o proprietário, um jovem de 21 anos, foi assassinado.
No momento em que foi abordado pela polícia na tarde desta segunda, Cadu reagiu e, segundo o delegado, começou a atirar contra os policiais. Ninguém ficou ferido na troca de tiros. Em seguida, tentou fugir, mas bateu o carro em um muro. Com ele, a polícia apreendeu um revólver calibre 38 prateado, mesma descrição da arma que matou o jovem de 21 anos no domingo.
Já o outro suspeito se rendeu imediatamente. Ainda de acordo com Damasceno, os dois negam envolvimento em qualquer crime. “Eles não dão muita explicação, dizem apenas que estavam levando os carros de um bairro para o outro. Ainda vamos ouvi-los formalmente e também outras testemunhas, para tentar esclarecer todo o caso”, disse.
Cadu também é suspeito de envolvimento na tentativa de latrocínio de um homem de 45 anos, no Setor Bueno, na última quinta-feira (28). De acordo as investigações, os criminosos estavam em um Honda City branco e atiraram contra uma VW Saveiro, atingindo o condutor. Ele sobreviveu, mas está internado na UTI do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
A unidade de saúde informou nesta tarde que o estado de saúde dele é grave e ele respira com a ajuda de aparelhos.
Na hora da prisão de Cadu, nesta segunda, o comparsa estava na direção de um carro com as características descritas pelas testemunhas à polícia como sendo o usado pelos suspeitos na última semana. “Um dos carros é o que foi roubado no latrocínio e tudo leva a crer que esse outro automóvel foi o utilizado para cometer a tentativa”, explicou Damasceno.
Duplo homicídio
Em 2010, Cadu confessou ter matado o cartunista Glauco e o filho dele, no dia 12 de março, no sítio onde a vítima morava, em Osasco (SP). Ele invadiu a propriedade e atirou contra as vítimas.
O rapaz frequentava a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco, que segue a doutrina religiosa do Santo Daime. No dia do crime, o jovem estaria sob efeito de maconha e haxixe.
Cadu também foi acusado de três tentativas de homicídio contra agentes federais, roubo, porte de arma com numeração raspada e tortura. Preso na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), ao tentar fugir para o Paraguai, acabou indo para o Complexo Médico Penal do Paraná e, depois, transferido para Goiânia, onde ficou internado em uma clínica psquiátrica e teve alta em 2013.
Fonte: G1 Goiás