O uso de uma submetralhadora 9 milímetros em pelo menos quatro crimes de homicídio chamou a atenção da Polícia Militar nas duas últimas semanas. A Polícia Civil admite o uso do armamento militar apenas na execução do detento do regime semiaberto Johnathan Farias Moreira, de 28 anos, ocorrido às 17 horas do dia 17 de agosto, na Avenida Presidente Dutra, no Jardim Presidente.
Ele estava em um almoço dominical da família e dirigiu-se até a porta da casa para ver o que as crianças faziam e foi metralhado na frente delas. Foram 15 tiros de submetralhadora 9 milímetros e de pistola calibre 380. A vítima usava tornozeleira eletrônica para ser monitorado pelo sistema prisional.
Johnathan era suspeito de um assassinato dias antes. Ele teria matado o primo do líder do tráfico de drogas da Região Sudoeste da capital. Os grupos estariam em guerra declarada, matando entre si.
Há boatos, ainda não confirmados nas investigações, de que as mortes seriam em represália à proibição de entrada de membros da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) no tráfico de drogas em Goiânia e região metropolitana.
Irmãos
No mesmo dia em que Johnathan foi morto, os irmãos Halan Dionas da Luz Santana, de 25, e Marcos Vinícius da Luz Santana, de 29, foram executados com vários tiros, na Avenida Otávio Lúcio, no Sítio de Recreio Estrela Dalva, Região Noroeste de Goiânia. Halan Dionas também era do regime semiaberto e usava tornozeleira eletrônica. Os irmãos foram mortos quando transitavam pela avenida em um carro, que foi fechado por outro não identificado, metralhado e bateu em uma árvore.
No último sábado, Daylisson Barbosa de Oliveira, de 19, foi executado com 30 tiros de armas de calibre 9 milímetros e 380. Segundo a Polícia Militar, o rapaz tinha várias passagens pela polícia e foi atropelado pelos executores que estavam em um carro escuro. Ele foi encontrado com a perna direita quebrada e marcas de 30 tiros pelo corpo.
As quatro mortes são investigadas pela delegada Tatiana Barbosa, adjunta da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH). Segundo ela, não há indícios de que as mortes tenham qualquer relação. Ela afirmou que o uso de submetralhadora 9 milímetros foi relatada por testemunhas apenas no caso do Jardim Presidente.
A delegada Tatiana Barbosa evitou dar detalhes das investigações, mas disse que a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) não participa da investigação destes casos.
Para a Polícia Militar, contudo, os casos não só são interligados pelo uso da submetralhadora na execução das vítimas, como a motivação seria a de briga por território entre quadrilhas rivais do tráfico de drogas em Goiânia.
“Estamos monitorando essa situação e todas as equipes estão em alerta para apreender a submetralhadora e prender a quadrilha”, afirmou o coronel Divino Alves de Oliveira, do Comando do Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar. Segundo ele, o serviço reservado da corporação está acompanhando a investigação dos crimes e colaborando na elucidação dos mesmos.
Um outro caso, porém, pode ter acontecido na noite de terça-feira, na Alameda Juazeiro do Norte, no Parque Amazônia. Marcelo Soares Sousa do Nascimento, de 22, e Weverton Marques Anselmo, de 27, foram executados com vários tiros, por quatro homens que estavam em um Kia Cerato.
As duas vítimas estavam com dois amigos em um Honda City quando foram abordados pelo Cerato. Os homens se identificaram como policiais e determinaram que os ocupantes do City descessem e encostassem as mãos na parede.
Dois amigos de Weverton saíram correndo, momento em que dois dos homens atiraram matando a vítima no local com sete tiros. Marcelo, que também levou sete tiros morreu pouco tempo depois no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Os homens que se identificaram como policiais foram reconhecidos em filmagens de câmeras de segurança como membros de uma quadrilha de traficantes da região.
Metralhadora
Weverton teve o carro metralhado na BR-153, quando voltava de uma festa em Aparecida de Goiânia. O Nissan Sentra dirigido por ele na madrugada de 21 de agosto de 2011 ficou cravado de balas de calibre 380 e 9 milímetros.
Na época, ele disse para a polícia que havia sido perseguido na BR-153 por homens com quem havia brigado em uma festa em Aparecida de Goiânia. Um dos amigos dele, Wagner Bailona de Sousa, foi baleado dentro do carro, tinha mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas.
Agora que a polícia tem indícios da participação do rapaz com o tráfico de drogas e da disputa que está ocorrendo nos comandos das regiões em Goiânia, o caso pode ser investigado novamente.
Fonte: O Popular