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27/08/2014 - Homicídios de mulheres: Familiares sofrem com falta de respostas

Prestes a completar um mês, desde que a força tarefa foi criada para elucidar os assassinatos de mulheres em Goiânia, as famílias das vítimas continuam sem saber muitos detalhes sobre o andamento das investigações. “Está avançando”. Essa é a única resposta que a maioria tem ouvido, sob a alegação apresentada pelos delegados responsáveis pelos casos de que maiores informações não podem ser repassadas para não prejudicar a apuração. Enquanto isso, a longa espera por respostas, já que os crimes começaram a acontecer em janeiro deste ano e nenhum foi desvendado, até então, acentua ainda mais a dor e a revolta dos familiares.

Nos últimos dias, a depressão da feirante Rosana Mesquita Silva, de 42 anos, voltou a apresentar sintomas graves. Ela é mãe da dona de casa Lilia Sissi Mesquita e Silva, 27, assassinada na tarde do dia 3 de fevereiro no bairro Cidade Jardim, quando estava indo buscar os filhos na escola. “Estou ficando só deitada e perdendo muito peso. Fica essa coisa na nossa cabeça, essa indecisão sobre o que realmente aconteceu. A gente também não está sabendo de nada e mesmo quando vamos na delegacia eles (delegados) não passam nada para a gente”, diz. Rosana já perdeu oito quilos, desde fevereiro, e o médico alertou que, se caso continuar emagrecendo, ela será internada.

O pai da jovem Bruna Gleycielle Gonçalves, de 27 anos, assassinada em um ponto de ônibus da Avenida T-9, na noite do dia 8 de maio também se incomoda com a falta de informações. Sargento aposentado da Polícia Militar, Clinger Gonçalves de Oliveira acredita que ainda está faltando muita coisa para desvendar a autoria do crime. “Só falam que está bem adiantado, mais nada. Sempre a mesma resposta. Isso é muito complexo, eu sei, mas para a gente que só fica esperando e nada acontece, é muito difícil. Eles falam que existem suspeitas, mas não especificam o que se trata. Para certas coisas, eu acho correto não falar nada, mas, assim, para dizer que está adiantando, sem detalhar nada... Tinha que ser mais aberto pelo menos com as famílias das vítimas”, sugere.

Whatsapp

Em reunião com o governador Marconi Perillo (PSDB) no dia 12 de agosto, no Palácio das Esmeraldas, ficou acertado que as famílias ficariam mais próximas dos delegados e que seria criado um canal direto de comunicação entre eles. Chegou-se a falar, inclusive, na criação de um grupo no Whatsapp. A irmã de Beatriz Cristina Oliveira Moura, 23, assassinada no dia 19 de janeiro, Lorena Eterna Oliveira Moura disse ao POPULAR que isso não aconteceu. Segundo ela, existe um grupo, mas só de familiares, sem a participação de delegados. “Pelo menos eu não fui incluída em nenhum assim”, declarou.

O superintendente de Polícia Judiciária (SPJ) da Polícia Civil, Deusny Aparecido Silva Filho, defendeu que as informações estão sendo repassadas, sim, às famílias. “Às vezes, elas acham que até não estão sabendo, mas estão”, expôs. Além disso, segundo ele, ainda não tem nada de novo para adiantar sobre os casos e frisou que a investigação não está parada, pelo contrário: “Estamos trabalhando demais nesses casos”. Em relação aos laudos solicitados à Polícia Técnico Científica, ele disse apenas que alguns estão prontos, outros não.

Tio da adolescente Ana Lídia de Sousa Gomes, 14, morta no dia 2 de agosto, o analista de sistemas Leonardo Gomes também apontou a ausência de informações sobre o caso da sobrinha, que é o mais recente dentre os investigados pela força tarefa. “Os caras não te dão informação. Você leva fatos para eles, mas eles não te falam nada. Falta muita coisa. Resposta, a gente não tem. Está avançando, avançando, mas até agora...”. Segundo ele, os agentes fizeram uma busca minuciosa nas redes sociais da garota, em busca de elementos que pudessem ajudar a explicar o fato, mas nada foi encontrado. “Eles tentaram de tudo, mas sem sucesso.”

Mais um protesto no dia 30

27 de agosto de 2014 (quarta-feira)

As famílias das mulheres vítimas de assassinatos vão realizar nova manifestação neste sábado (30), às 16 horas, na Praça Cívica. A primeira concentração ocorreu na tarde do dia 9 de agosto, quando cerca de 2 mil pessoas compareceram ao local para expressar a indignação e o desejo de justiça. Os parentes já estão se mobilizando via redes sociais.

O movimento Goiás quer Paz!, responsável pela manifestação, criou uma página para o evento no Facebook e, até a noite de ontem, 831 pessoas já tinham confirmado presença. A iniciativa divide opiniões. Enquanto alguns familiares se demonstram favoráveis e diretamente envolvidos, outros, como é o caso do tio de Ana Lídia Gomes, o analista de sistemas Leonardo Gomes, acreditam que o efeito desse tipo de coisa é pequeno diante da situação.

Fonte: Jornal O Popular