A Justiça decretou a prisão preventiva do entregador Leandro Cardoso de Oliveira pela tentativa de homicídio de uma jovem de 18 anos, no Setor Jardim América, em Goiânia. O crime é um dos investigados pela força-tarefa da Polícia Civil, que apura uma série de assassinatos de mulheres que ocorreram de forma semelhante na capital.
O rapaz, que cumpre pena no regime semiaberto e usava tornozeleira eletrônica, estava detido desde 7 de julho, quando foi preso pela Polícia Civil suspeito de envolvimento em dois crimes. Em relação à tentativa de homicídio, para o juiz Jessier Coelho de Alcântara, autor da decisão, o motociclista é “um forte suspeito”.
“Foram observados os antecedentes criminais do acusado, o fato também de que ele usava uma tornozeleira, indicando que ele estaria no local do fato naquele momento. Até porque já foi indiciado, ou seja, a polícia já concluiu o inquérito policial em relação a ele, indiciando por tentativa de homicídio”, disse o magistrado.
Apesar de o juiz afirmar que a investigação sobre o caso da jovem já foi concluída, a Polícia Civil não confirma. De acordo com o superintendente de Polícia Judiciária de Goiás, Deusny Silva Filho, nenhuma informação sobre os casos será divulgada por enquanto.
Medo
Enquanto os crimes não são esclarecidos, as mulheres da capital continuam amedrontadas. A dona de casa Célia Francisca conta que muitos motociclistas estão se aproveitando da situação para passar mais medo ainda. “Às vezes, eles fazem graça com a gente, você está no ponto de ônibus e eles passam acelerando, fazendo de conta que estão pegando alguma coisa no bolso”, relata.
A bióloga Nathália Santana Arantes afirma que continua evitando sair de casa devido ao medo de ser uma vítima da violência. "Acaba que a gente sai menos, a gente procura arrumar carona, pede alguém para levar, você não tem confiança em mais nada", reclama.
Força-tarefa
A força-tarefa da Polícia Civil investiga 15 assassinatos de mulheres, a execução de um homem e a tentativa de homicídio da jovem. Participam do grupo de investigação 16 delegados, sendo os nove da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), três que atuam em outras delegacias e mais três do interior do estado. Além deles, 30 agentes e dez escrivães também integram a equipe.
Segundo as investigações, os crimes tiveram dinâmica semelhante. Porém, as motocicletas usadas são de marcas e cilindradas diferentes, além das descrições físicas dos suspeitos não serem as mesmas.
Leandro foi o primeiro suspeito de participar dos homicídios envolvendo mulheres na capital a ser preso, no dia 7. No dia 9, a Polícia Militar prendeu um homem de 27 anos por roubo a panificadoras, mas, devido às características de sua motocicleta e de sua fisionomia, ele pode estar envolvido nos homicídios. A Polícia Civil informou que, por enquanto, o homem não é suspeito de cometer nenhuma morte, mas vai investigar. Mesmo assim, ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça por receptação.
Série de assassinatos
O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres em Goiânia ocorreu em 18 de janeiro, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por homens em uma motocicleta, no Setor Lorena Park, na capital. Na época, a polícia informou que eles roubaram o celular da vítima e fugiram.
A vítima mais recente foi Ana Lídia Gomes, 14 anos, em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, no último dia 2 de agosto. Por causa das semelhanças dos crimes, o assassinato de Ana Lídia aumentou a desconfiança da população de que um assassino em série está agindo em Goiânia.
Desde maio, quando surgiu a possibilidade de que exista um "serial killer" na capital, após uma mensagem de voz compartilhada pelo aplicativo de celular Whatsapp, a Polícia Civil tratava o caso como um boato. No último dia 3 deste mês, a corporação voltou a afirmar que não crê na possibilidade de que um assassino em série esteja agindo em Goiânia, mas admitiu, pela primeira vez, que não descarta a hipótese.
Fonte: G1 Goiás