Em depoimento ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) no dia da Operação Poltergeist, em abril, a mulher do deputado estadual Daniel Messac (PSDB), Libina Alves Machado, disse que sua função como assessora da Câmara de Goiânia, lotada no gabinete do vereador Divino Rodrigues (PROS), era comparecer a encontros na igreja. O POPULAR teve acesso com exclusividade a depoimentos de ex-servidores da Assembleia e da Câmara que confirmam a contratação de fantasmas.

Libina declarou que tinha salário líquido de R$ 3,5 mil e que ia à Câmara apenas para assinar o ponto, uma vez por semana. O termo do interrogatório relata que, questionada sobre suas atribuições e rotina como assessora, ela respondeu que “seu trabalho era fora da Câmara, juntamente com a esposa do vereador Divino, a sra. Eunice, consubstanciado em reuniões de mulheres na igreja representando o vereador”.

No depoimento, Libina afirmou não saber informar se as filhas de Divino trabalhavam no gabinete do marido na Assembleia. Enquanto a mulher do deputado prestava depoimento, chegou o advogado e recomendou que ela usasse o direito constitucional de permanecer em silêncio. Assim, Libina se recusou a responder aos demais questionamentos dos promotores. Doze perguntas deixaram de ser respondidas.

Messac, candidato à reeleição, apareceu ontem no horário eleitoral gratuito na televisão afirmando que defende o “fortalecimento dos laços familiares”.

Também em depoimento, a filha do ex-chefe de gabinete de Messac, Robson Feitosa dos Reis, Maryna Rezende Dias Feitosa, confirmou que era funcionária fantasma do gabinete do tucano e que repassava a maior parte do dinheiro ao deputado. Ela era contratada como estagiária com salário de R$ 1.055 e ficava com apenas R$ 155.

Maryna afirmou que não ia à Assembleia e relatou ser o mesmo caso da mãe, Mércia Adriana Dias, e da madrinha, Bianca Santos Carvalho. As três foram denunciadas pelo MP-GO.

A filha de Robson disse que cursava faculdade de manhã e à tarde trabalhava na empresa Ideauto, de seu tio, Régis Feitosa dos Reis, também denunciado. Ela confirmou que a mãe passava o dia no salão de sua propriedade e que também repassava parte do salário ao pai, para ser entregue ao deputado.

A Ideauto também foi investigada por emitir notas fiscais supostamente frias para o gabinete de Messac.

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