Quatro anos depois do assassinato do vendedor Murilo Alves Macedo, seis policiais militares, acusados pelo crime e investigados pela Operação Sexto Mandamento, foram interrogados, ontem, pela primeira vez, na 1ª Vara Criminal de Goiânia, e negaram a autoria do homicídio. A decisão para que eles sejam levados, ou não, a júri popular deve sair em até 30 dias. A expectativa é do juiz Jesseir Coelho de Alcântara, que considera os prazos para o Ministério Público e a defesa se manifestarem.
O vendedor foi morto a tiros, no dia 27 de agosto de 2010, no Jardim Real, em Goiânia. Ele era suspeito de roubar, no dia anterior, o veículo de uma policial militar, na capital. Segundo a denúncia, Murilo foi morto a tiros pelos policiais Fritz Agapito Figueiredo e Hamilton Costa Neves, que estavam à paisana. Eles teriam ido ao local para dar cobertura aos demais acusados, os policiais Vitor Jorge Fernandes, Cláudio Henrique Camargos, Alex Sandro Souza Santos e Ricardo Rodrigues Machado.
Os subtenentes Agapito e Neves informaram, durante o interrogatório, que estavam trabalhando, de forma particular para uma rede de postos de combustíveis, quando viram o carro conduzido pela vítima. Eles disseram que iniciaram a perseguição depois de avistarem um veículo com as mesmas características que havia sido roubado e de que tinham informações. Em uma parada, os dois desceram do carro, abordaram o vendedor e pediram-lhe para colocar as mãos para cima. Os policiais alegaram, contudo, que Murilo saiu no carro, de novo, sem obedecer ao comando.
Fritz e Hamilton disseram que, nesse momento, avisaram a Central de Operação Policial Militar (Copom), que, por sua vez, acionou uma equipe da Rotam, para vasculhar a região, inclusive no bairro Jardim Real. Fernandes comandou a equipe, composta ainda por Camargos, Santos e Machado. Os policiais confirmaram que viram o veículo no Jardim Real e passaram a persegui-lo, mas, em seguida, de acordo com eles, Macedo teria batido o carro na entrada de uma chácara.
Suposto confronto
Os policiais sustentaram perante o juiz um suposto confronto, ressaltando que, depois da batida, o vendedor começou a dar tiros e eles teriam apenas revidado ao ataque. No suposto embate de seis contra um, o vendedor acabou morrendo. Os quatro policiais que integravam a equipe da Rotam confirmaram que a vítima realmente morreu durante o “confronto”, em frente à entrada de uma chácara. Entretanto, quando questionados sobre a autoria da morte, todos negaram e reforçaram que revidaram ao ataque da vítima.
Depois de constatarem que Macedo havia sido atingido por três tiros, os policiais disseram que chamaram o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), já que, por regra da polícia, os militares não podem retirar a vítima do local. As armas da equipe da Rotam foram recolhidas no mesmo dia para perícia. Os acusados também afirmaram que isolaram o local e avisaram a Corregedoria da Polícia Militar. Todos estão em liberdade.
Fonte: O Popular