O cartorário Maurício Borges Sampaio e a filha dele, Cejanna Câmara Sampaio, tiveram os bens bloqueados pela Justiça. A decisão, do juiz Ricardo Prata, da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, acolheu pedido de ação civil pública por improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). O bloqueio requer a indisponibilidade de bens no valor de R$ 672 mil.
Maurício Sampaio teria, segundo as investigações do MP-GO, contratado e pago salário à filha por seis anos, entre 2008 e 2013, sem que ela tivesse trabalhado. Cejanna Câmara cursava medicina na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), no Estado de São Paulo, durante o período em que recebeu os pagamentos referentes ao trabalho no cartório do pai. Cejanna teria recebido, ao todo, R$ 672.023,27.
Na ação civil pública também consta solicitação para bloqueio de bens de outros dois filhos do cartorário, Thiago Câmara Sampaio e Maurício Borges Sampaio. As investigações mostram que, contratados no cartório, não compareciam regularmente ao trabalho e, quando apareciam, ficavam por pouco tempo. Entre 2008 e 2014, eles receberam mais de R$ 700 mil cada um. O magistrado negou o pedido por falta de comprovação.
A advogada do cartorário, Flávia Quinan, afirmou que até o fim da tarde de ontem não havia recebido notificação da Justiça. Ela disse que só se pronunciará sobre o caso após ser notificada.
Denúncias
Em junho deste ano, o MP-GO chegou a oferecer denúncia criminal contra Sampaio por crimes de peculato (quatro acusações), cobrança de tributo indevido ou com emprego de meio gravoso (excesso de exação, cinco denúncias) e modificação do sistema de informações do cartório sem autorização. Na ocasião o MP-GO pediu a prisão preventiva do cartorário. Conforme mostrado em reportagem de POPULAR do dia 4 daquele mês, o pedido de prisão foi apreciado e negado em menos de 24 horas pelo juiz Donizete Martins de Oliveira. Para o juiz, não foram demonstrados motivos suficientes para sua prisão.
Sampaio também é acusado de ser mandante do assassinato do cronista esportivo Valério Luiz de Oliveira em julho de 2012. Ele chegou a ficar preso. Na semana passada, a justiça determinou que os réus sejam levados a juri popular.
Outra acusação
2.2.2013 - O cartorário Maurício Sampaio tem prisão preventiva decretada por ordenar execução do cronista esportivo Valério Luiz;
28.2.2013 - Sampaio é solto após habeas corpus;
2.3.2013 - Maurício Sampaio é preso pela 2ª vez;
5.3.2013 - TJ-GO revoga prisão preventiva de Sampaio;
15.4.2013 - Após liminar, Sampaio volta a prisão;
21.6.2013 - Sampaio é solto mais uma vez.
1º.7.2013 - O quarto diretor da Divisão de Arrecadação Judicial do TJ-GO, Irismar Dantas de Souza, assumiu a administração do cartório que era de Maurício Sampaio. Ele foi o quarto interino.
14.8.2013 - Maurício Sampaio reassumiu a direção do cartório, por decisão do desembargador Fausto Moreira Diniz
18.8.2013 - O juiz Fernando de Mello Xavier, da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, acatou o pedido do MP-GO e bloqueou os bens do ex-tabelião
19.8.2013 - O desembargador Fausto Moreira Diniz recuou de sua própria decisão
30.4.2014 - O interventor do cartório que era de Sampaio, Irismar Dantas de Souza, registrou ocorrência na polícia alegando que foi ameaçado de morte
22.5.2014 - Maurício Sampaio foi denunciado pelo MP-GO por improbidade adminstrativa por ter contratado seus três filhos
Fonte: O Popular