24/07/2014 - Assassinato
Ariovaldo Ferreira dos Santos (foto) durante apresentação. Um maior cuidado no procedimento da revista poderia ter evitado a morte do vigilante Douglas Gonçalves, de 21 anos, que fazia, na noite de terça-feira, a segurança do Araguaia Shopping, quando foi esfaqueado por Ariovaldo Ferreira dos Santos, de 30. Segundo a Polícia Civil, a checagem - comum em abordagens a terceiros - não foi realizada pela vítima e pelos outros dois colegas de trabalho que conduziram o suspeito - pessoa em situação de rua e, supostamente, usuário de crack - até a sala de segurança, no subsolo do centro de compras, localizado no Setor Central de Goiânia.
“Pelo que pudemos apurar até agora, não houve nenhum procedimento de revista; eles não tiveram esse cuidado”, informou a delegada Flávia Andrade, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), responsável pelo caso. De acordo com ela, no momento da ocorrência, dois dos vigilantes - entre eles, Douglas Gonçalves - seguravam Ariovaldo pelo braço, cada um de um lado, enquanto um terceiro seguia à frente. Quando este, da frente, parou para abrir a porta da sala de segurança do shopping, os outros dois teriam se distraído e soltado os braços do suspeito, que aproveitou o instante para sacar uma faca que trazia consigo.
“Em geral, pessoas como Ariovaldo, em situação de rua, carregam consigo facas ou outros tipos de armas, mesmo para se defender. Houve um descuido”, destacou Flávia. Ontem, a delegada ouviu o suspeito, um dos seguranças que o conduziam, junto com Douglas, os dois policiais militares que efetuaram a prisão de Ariovaldo e o chefe da segurança do Araguaia Shopping. “Falta ouvir, ainda, o vigilante que presenciou o crime, ao abrir a porta. Pelo horário em que tudo ocorreu, não havia testemunhas”, acrescentou a delegada.
Procurada pela reportagem, a administração do Araguaia Shopping preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Por meio de nota, informou “lamentar o ocorrido” e disse estar “dando todo suporte necessário à família do colaborador”. Já a Proguarda informou que está prestando todo auxílio aos familiares da vítima e que investe em recrutamento, seleção e treinamento de todos seus funcionários.
Ariovaldo pedia comida
Era por volta das 23 horas quando Douglas Gonçalves - a vítima - decidiu abordar Ariovaldo - o suspeito -, que pedia comida em uma lanchonete do Araguaia Shopping. Douglas, então, teria solicitado apoio de outros dois colegas da vigilância e, após acioná-los por rádio, teve a iniciativa de levar Ariovaldo para a sala de segurança, no subsolo.
“Pelos relatos, a única agressão que o Ariovaldo sofreu teria sido após o golpe de faca no Douglas, com uma tonfa (bastão semelhante a um cassetete), de um dos vigilantes que o acompanhavam. Com o sangue espalhado pelo chão, os colegas da vítima escorregaram e o suspeito fugiu”, conta a delegada Flávia Andrade.
Em fuga pela Avenida Goiás Norte, Ariovaldo dos Santos acabou detido, pouco depois, pela Polícia Militar. À delegada, ele confessou o crime e também ser usuário de crack, além de estar sob o efeito de álcool quando matou o vigilante. Disse, contudo, não estar arrependido. A versão do suspeito é que ele apenas reagiu; Douglas Gonçalves teria atingido o rosto dele com o rádio de comunicação. Fonte: O Popular