Durante toda a última quinta-feira (23), equipes da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), sob a coordenação do delegado Eduardo Gomes Júnior, deflagraram a Operação Avaritia (“cobiça” em latim), destinada à desarticulação de uma organização criminosa dedicada ao tráfico interestadual de drogas e insumos, contrabando e lavagem de dinheiro.
Ao todo, 34 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão temporária foram expedidos para cumprimento nas cidades de Goiânia, Trindade, Aparecida de Goiânia e Rio Verde.
A operação mobilizou 150 policiais civis, e foi realizada com o apoio da Delegacia Estadual de Repressão a Frutos e Roubos de Veículos Automotores (DEFRVA); Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH); Grupo Antirroubo a Banco, da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (GAB/Deic); Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT); Delegacia Estadual de Repressão a Roubo de Cargas (Decar), Delegacia de Protação à Criança e ao Adolescente (DPCA).
Também integraram a Operação Avaritia os Grupos Especiais de Repressão a Narcóticos (Genarcs) das 3ª, 4ª e 8ª Delegacias Regionais de Polícia (DRPs), com dese, respectivamente, em Anápolis, Cidade de Goiás e Rio Verde, além dos Grupos de Investigações de Homicídios (GIHs) da 2ª e 3ª DRPs, a primeira com sede em Aparecida de Goiânia, bem como o Grupo Tático 3 (GT3).
Modus operandi
Iniciada em outubro de 2017, a investigação revelou que a organização criminosa, capitaneada por José Caetano de Oliveira Júnior, adquiria cocaína e insumos utilizados em sua diluição no Mato Grosso do Sul e os transportava para a Grande Goiânia, onde os revendia para diversos outros traficantes.
O modus operandi da organização era peculiar: a fim de burlar a fiscalização rodoviária, seus membros acondicionava a droga no interior de sacos de agrotóxicos. Apesar de criminoso, o transporte de tais produtos caracteriza delito ambiental e/ou contrabando, a depender da espécie da substância, de pena bem mais branda, o que implica uma atuação preventiva muito menos rigorosa. Ainda assim, o transporte sempre era realizado com dois automóveis, os quais escoltavam o veículo usado para trasladar a droga. Como se não bastasse, os criminosos aproveitavam as viagens e, rotineiramente, também traziam cigarros sem o devido recolhimento de tributo.
Apreensões
No curso do trabalho investigativo, ocorreram pelo menos cinco apreensões de drogas e insumos diretamente transportados pela organização ou em laboratórios e depósitos de outros traficantes. No dia 17 de novembro do ano passado, 250 quilos de insumos foram apreendidos em poder dos membros da própria organização.
A 12 de abril deste ano, equipes da Deic estouraram umlaboratório de refino de cocaína. A 23 de abril, a Denarc desarticulou outro laboratório de refino de cocaína, que também funcionava como depósito de drogas. No dia 18 de junho, outro laboratório de refino de cocaína foi desbaratado pela Polícia Militar.
A 20 de junho, um depósito de drogas e insumos foi encontrado pelo 22ª Delegacia Distrital de Polícia (DDP) de Goiânia. Uma semana depois, apreenderam-se 30 quilos de cocaína praticamente pura e 470 quilos de insumos em uma perseguição policial na Rodovia BR-060, na altura de Guapó. As várias apreensões demonstram a potencialidade da organização e a periculosidade de seus membros, que se valiam de diversos laranjas para dar aparência lícita a valores e bens adquiridos com o dinheiro do crime.
Prisões
Na operação, foram presos temporariamente o líder da organização, José Caetano de Oliveira Júnior; sua esposa, Odalice Barros Ferreira; sua mãe, Ana Maria Rosa de Oliveira, uma das principais “laranjas”, além de vários outros membros dedicados ao transporte e distribuição da droga, a saber: Bruno Rigley Alves Itacaramby, Elder Pedro Soares, Alex Faria Veloso, Alessandro Alves de Moura, Thiago Prates, Bruno Siqueira e Odnilza Barros Ferreira. Bruno Rigley, Bruno Siqueira e Odnilza também foram autuados em flagrante por porte de arma de fogo.
Outros seis membros do grupo ainda são procurados pelos investigadores. São eles: Welbert Leandro Rodrigues Dourado, Agamenon Pereira da Silva, Antônio Geando Guimarães e Valmi Carvalho Gomes. Também foram apreendidos três armas de fogo, valores em espécie, inclusive em moedas estrangeiras (em dólares e guaranys, moeda paraguaia), além de 16 automóveis, vários de alto valor, bem como dezenas de documentos indicativos de vínculo entre os associados, transações bancárias e propriedades de bens móveis e imóveis.
Realizada a prisão da maioria dos membros da organização e a apreensão de drogas, insumos e cigarros contrabandeados, que teve participação relevante da Seção de Operações da Gerência de operações de Inteligência (GOI) e do Grupo Especial de Assessoria Forense (Geafo) da Polícia Civil, a investigação se aprofunda no aspecto financeiro. O grupo movimentava alta quantia mensal em instituições financeiras e detinha considerável patrimônio.
Lavagem de dinheiro
Pelo menos oito apartamentos de José Caetano já foram identificados em Goiânia. Contas em instituições financeiras vinculadas a 49 Cadastros de Pessoa Física (CPFs) e Jurídica (CNPJs) foram bloqueadas, além de terem seus sigilos bancário e fiscal afastados. Os investigadores aguardam o saldo dos bloqueios efetivados e as quebras para darem andamento à investigação atinente ao crime de lavagem de dinheiro. Sob esse aspecto, a investigação, desde o início, conta com imprescindível apoio do Laboratório de Tecnologia e Lavagem de Dinheiro (LAB) da GOI.
Em relação aos crimes de tráfico de drogas e insumos e organização criminosa, o inquérito será concluído no prazo legal de 30 dias, quando se representará pela prisão preventiva dos investigados. Se condenados, estes podem sofrer pena de até quinze anos pelo tráfico, passível de majoração em até dois terços, haja vista se tratar de tráfico interestadual, e até oito anos por organização criminosa, sanção que pode ser acrescida da metade, pois o grupo sempre se vale de armas de fogo, com as apreendidas na operação.
Fonte: PC de Goiás