A apresentação do balanço da operação Thanatos, que resultou em 18 prisões temporárias, uma preventiva, 24 mandados de busca e apreensão, na última quarta-feira, também esclareceu a principal motivação dos homicídios praticados pelo grupo criminoso. De acordo com a Polícia Civil, a maioria das mortes tinha como objetivo abrir espaço para o aumento da área de atuação do Comando Vermelho na capital.
Ao avaliar os 21 homicídios investigados no âmbito da operação, o delegado Dannilo Proto, coordenador dos trabalhos, acredita que elas estão quase sempre relacionadas ao tráfico de drogas. As investigações continuam, mas dados levantados até o momento indicam que, se não por dívida, as mortes ocorriam para “limpar as áreas e abrirem as regiões Sudoeste e Central para ação da quadrilha”. Do total de assassinatos, três seriam de integrantes do próprio comando que por alguma desavença ou por dívida, foram executados.
“As investigações começaram em dezembro passado, devido a um alto número de homicídios na capital. Em Janeiro, os homicídios foram registrados em regiões delimitadas com calibres e formas de agir praticamente idênticas. Algumas vítimas receberam mais de 90 tiros de pistola 9 mm. Fizemos levantamento e chegamos ao final da primeira fase quando parte dos traficantes foi identificada. Agora prendemos a cúpula e os braços fortes ligados à liderança. Outras fases devem acontecer nos próximos meses”, adiantou Dannilo Proto.
As 19 prisões apresentadas nesta quinta-feira (16) pela Polícia Civil veem dez dias depois da desarticulação da liderança do Comando Vermelho em Goiás, por meio da operação Espectro. Todos os detidos fazem parte de uma das células do comando que atuava nas regiões Sudoeste e Central de Goiânia.
O grupo era liderado de dentro do Presídio de Formosa (GO) por Sérgio Dantas. Ele contava com apoio da mãe do traficante (Maria Neuza), das irmãs (Daiane, Tatiane e Thaynara) e da esposa Geslane. Na cela de Sérgio foram encontradas anotações da contabilidade no verso de embalagens de alimentos como achocolatados. “Apenas o plano de saúde da família era R$ 8 mil e ninguém tinha atividade profissional registrada”, explica o delegado.
De acordo com o delegado Dannilo Proto, um dos presos, identificado como Bruno Henrique, era responsável por receber todo o dinheiro do tráfico de drogas e repassá-lo à família de “Serginho”, como era conhecido. A mãe, a esposa e as irmãs não teriam contato com a droga, mas administravam o dinheiro, cuidavam de imóveis de aluguel, um sítio em Caldas Novas e não tinham outra profissão ou ocupação. Já a esposa, Geslane, tratava diretamente com dois gerentes de bocas.