Goiânia teve 403 registros de roubos a residências de janeiro a julho deste ano e isso significa média de 57 casas invadidas por mês na capital. No Estado, o número foi de 2.270 neste mesmo período, com média mensal de 324 casos. Em comparação com o ano passado, houve redução (veja quadro) segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO). Apesar disso, em dois dias seguidos, duas casas foram assaltadas com violência e crueldade praticada por bandidos e a sensação de insegurança ainda não foi afetada pela diminuição nos números.
O Residencial Itaipu, na região Sudoeste de Goiânia, está entre os dez bairros da capital com mais ocorrências por roubo de residência. O setor foi palco de um caso violento na noite da última segunda-feira, que está sendo investigado como latrocínio pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic). Além disso, também foi o local onde prenderam uma quadrilha responsável por outros dois roubos de casa.
Funcionário de um pit-dog, Jonathan Xavier Santos, de 27 anos, foi morto durante um assalto a sua residência. Segundo sua mulher, de 23 anos, a vítima foi rendida na porta da casa por dois homens. Toda a família, incluindo dois filhos pequenos, foi obrigada a ficar sentada no sofá da sala, enquanto os criminosos tentavam retirar uma televisão de um suporte para roubá-la.
Ainda de acordo com a testemunha, os bandidos teriam se irritado com o choro de um de seus filhos e atirado na cabeça de Jonathan Xavier. A mulher foi atingida no braço e socorrida no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Segundo o delegado responsável pela investigação do caso, Wladimir Freire, do Grupo de Repressão a Roubos (Garra) da Deic, as primeiras informações ainda são preliminares e a viúva de Jonathan ainda deve ser ouvida oficialmente em depoimento.
Quadrilha
O Residencial Itaipu também foi palco de uma operação da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) na madrugada desta terça-feira (7), quando uma quadrilha responsável por pelo menos dois roubos de residência foi presa. O grupo roubou uma casa no Setor Jardim Presidente e em seguida outra no Parque Oeste Industrial. Neste segundo local, chegaram a levar uma vítima como refém, que foi abandonada no Setor Center Ville, cerca de 10 quilômetros de distância entre um ponto e outro.
Após os roubos, testemunhas acionaram equipes da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam), que em patrulhamento abordaram um motorista em um veículo VW Gol vermelho, mesmo tipo dos assaltantes. Dentro do carro foram encontrados pertences das vítimas. Segundo os policiais, o suspeito os levou até um endereço no Jardim Itaipu, onde haviam outros produtos roubados.
Quatro homens e uma mulher foram presos no local e levados para a Central de Flagrantes, no Complexo de Delegacias, no bairro Cidade Jardim. Quatro deles possuíam antecedentes por roubo, dois por receptação, um por homicídio, um por tráfico de drogas. A única mulher presa do grupo não possuía passagem pela polícia. As armas utilizadas no assalto teriam sido retiradas da residência instantes antes dos policiais chegarem.
Moradores afirmam que há muitos roubos a residência no local. A cartazista Alaíde Silva Lima, de 34 anos, moradora do Itaipu, já passou alguns sufocos no bairro. Uma televisão e um videogame de sua casa já foram furtados há três anos e recentemente entraram novamente na casa. Após a morte do funcionário do pit dog diz ter ficado com medo de sair de casa à noite. “Estou assustada”, diz.
Em Goiânia, a região onde ocorrem mais casos de roubo a residência é a Oeste, seguida pelas regiões Noroeste, Sudoeste, Leste, Central, Norte e, por fim, a região Sul. A SSP-GO informou que acompanha as estatísticas de manchas criminais e que realiza ações para cada região de acordo com a necessidade.
Violência atribuída a reincidentes
O secretário de Segurança Pública de Goiás, Irapuan Costa Júnior, comentou os casos violentos de roubo à residência registrados nesta semana. Em entrevista ao POPULAR, ele afirma que a maioria dos criminosos que praticam assaltos à residência com agressividade já possui passagens pela polícia. Também relaciona esse tipo de ação ao uso e tráfico de drogas.
“Infelizmente a maioria dos criminosos reitera, volta para o crime depois de presos. Em muitos desses casos, o criminoso é usuário de drogas, vai roubar para pagar uma conta, está desesperado, é uma pessoa desequilibrada”, reforça.
Sobre os dois casos registrados essa semana de roubo em residências com emprego de violência, Irapuan aponta várias possíveis causas. “A elucidação ficará a cargo da Polícia Civil, mas temos certeza de que em casos como esses, são criminosos que já atuam em outras práticas criminosas, que já são violentos. A maioria dos casos de roubo a residência, com certeza, não tem esse histórico de violência. Aliás, percebemos que esse tipo de crime é menor que o de furto, que é praticado quando não tem ninguém em casa”, diz.
Ele credita a redução dos índices de roubo a residências à mudança do perfil da atuação da Polícia Militar, que tem atuado de maneira mais ostensiva. “Para você ter uma ideia, o número de abordagens nas ruas subiu de 370 mil para 605 mil, em comparação com o ano passado. Isso tem um reflexo muito importante. A presença do policial nas ruas inibe a ação criminosa”, afirmou.
Irapuan reforça que essa é uma das medidas que tem garantido redução desse e de outros índices. “Temos retirado diversas armas das ruas, das mãos dos bandidos. Só este ano já foram mais de 3,7 mil armas apreendidas. Além disso, quase quatro mil foragidos foram recapturados. Tudo isso reflete nessas estatísticas. E posso garantir que temos atuado para que a redução seja cada vez maior”, disse.
As ações da SSP-GO são apontadas pelo especialista em segurança pública e privada Ivan Hermano como eficientes. “Claro que existe a subnotificação de casos, mas temos que dar o crédito à atual gestão da Secretaria de Segurança Pública. Os policiais estão mais valorizados e motivados a trabalharem”, destaca.
Hermano afirma que sempre faz as críticas necessárias ao sistema de segurança quando necessário. “Sabemos que existe um ponto que desmotiva os policiais que trabalha na rua todos os dias que é prender o bandido e vê-lo solto no mesmo dia, às vezes antes mesmo do policial sair da delegacia. Mas tenho percebido que, apesar disso, existe um empenho maior dos militares”, diz.
Fonte: O Popular