De acordo com pesquisa Ibope realizada entre os dias 21 e 24 de junho, 59% dos eleitores não querem votar em ninguém ou não sabem em quem votar. Essa rejeição a políticos é justificável. Afinal, uma série de crimes e desvios milionários são flagrados e noticiados todos os dias. Todavia, se abster do voto não resolverá o problema.
Saímos da ditadura há três décadas e vivenciamos uma democracia ainda recente. Mesmo com imperfeições e falhas, não podemos negligenciar sua importância e ignorar o poder do voto que nos foi concedido. As manifestações de 2013, por exemplo, só foram possíveis porque vivemos em um país democrático, assim como a greve dos caminhoneiros só teve voz devido ao apoio concedido pelo povo brasileiro.
Se adotada como regra, a decisão de não votar apenas trará mais um problema: a eleição de um candidato que não o representa, cujas decisões afetarão a vida da sua família.
Logo, renunciar ao voto pode transformar o que está ruim em algo pior. Se é verdade que o alheamento eleitoral muitas vezes se revela como uma forma de protesto, em regra ele se caracteriza por ser uma descrença que muitas vezes sufoca a esperança.
O voto de protesto deve ser respeitado, pois assim manifesta o descontentamento ou em algumas situações a falta de opção. Mas seus adeptos não devem deslegitimar o voto, expressão insubstituível da manifestação popular.
Sabemos que a partir do voto consciente é possível, no mínimo, renovar câmaras, assembleias e gestões públicas por meio de novos representantes. E sabemos que a cada pleito é possível escolher políticos fichas-limpas e compromissados com causas justas, que assumem a missão de construir um país melhor e que jamais mancharam suas reputações.
Reverter a lógica imposta pela maioria dos políticos que aí está - de que o povo pode ser comprado por dinheiro ou obras - é assumir o protagonismo da democracia. É dizer quanto vale realmente seu voto; e ele não tem preço, pois o representa.
O aprimoramento do exercício político é necessário, uma discussão maior em sociedade a respeito da importância das eleições e em novas formas de valorização do instituto do voto responsável. Sobretudo, necessitamos de uma reforma política inclusiva, que traga efetivamente o cidadão para a gestão pública e que concretize os princípios democráticos. Ainda que muitos mereçam o voto de protesto, entendo que a esperança pode transformar e melhorar o que está ruim.
Autor: Vereador Eduardo do Prado
Fonte: O Popular