O procurador da República Ailton Benedito, do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), habituado às polêmicas, se envolveu em mais uma nesta terça-feira (17) ao comentar a morte e o estupro de uma menina de três anos, cometidos por um vizinho adolescente na cidade de Niquelândia, a 312 km de Goiânia. Pelo Twitter, onde se denomina "cidadão de bem", ele afirmou que “para a militância esquerdista, essa criança não é vítima. A vítima seria o autor desse crime hediondo”.

Sem citar nomes ou casos específicos, Ailton comentou também que “esquerdopatas que pregam a descriminalização da pedofilia ficam nervosos diante da notícia desse crime hediondo contra uma criança de 3 anos”. “Para eles, hedionda é a notícia, não o crime. Afinal, a sociedade repudia absolutamente os defensores da pedofilia”, continuou.

O pronunciamento, claro, provocou rebuliço na rede. Até o fim da manhã desta quarta-feira (18), foram mais de 500 retweets, mais de 1.100 curtidas e mais de 150 comentários – contrários ou favoráveis ao posicionamento do procurador.

“Usar o estupro e morte de uma criança de três anos como material pra ~dar uma lacrada~ no twitter é algo baixo demais até mesmo para um procurador da república” [SIC] e “Que feio, senhor Procurador. Dos ignorantes se esperaria um tipo de coisa como estas, não de um procurador. Que mal exemplo o senhor dá...” [SIC] são algumas das respostas de discordantes. Alguns usuários acusaram o promotor de cometer uma difamação e outros apontaram o enviesamento de sua postura.

Entre os apoiadores, houve quem dissesse que há uma atuação da mídia, de governantes e até da ONU para legalizar a pedofilia e para que quem se sinta “enojado” por abusos praticados por pedófilos sejam taxados de “pedofóbicos”. “É inegável a implantação de ‘Agenda Global’. Tommy Robinson foi preso por denunciar a indústria da pedofilia no UK” [SIC], citou outro.

O POPULAR entrou em contato com a assessoria de imprensa do MPF-GO e fomos informados que o procurador estaria em uma viagem a trabalho e que os assessores tentariam contatá-lo para comentar o assunto. Até o momento da publicação deste texto, não houve retorno.

O procurador já se tornou ponto central de diversas polêmicas graças à sua postura conservadora, que embasa parte de sua atuação profissional e também sua presença prolífica nas redes sociais. Em entrevista à BBC News, publicada no dia 11 de junho, ele se definiu como uma pessoa de opiniões que são "discrepantes do lugar comum" e afirmou que, em sua visão, "promotores públicos têm um viés de centro-esquerda", salientando seu perfil conservador.

Entre as polêmicas provocadas pelo procurador estão declarações feitas no Twitter de que o nazismo seria um regime socialista, a abertura de uma sindicância para investigar o suposto "recrutamento ideológico" de menores brasileiros na Venezuela e, mais recentemente, a tentativa de derrubar o veto do Conselho Federal de Psicologia (CFP) a "terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação” de transexuais.