O Corpo de Bombeiros de Goiás (CBMGO) informou por nota que o incêndio que atingiu o Centro de Internação Provisório (CIP), no Jardim Europa em Goiânia, e matou nove adolescentes na última sexta-feira (25), foi controlado pelos próprios trabalhadores da unidade “por meio do uso do sistema preventivo”. No entanto, a corporação não informa se havia extintores no local. Segundo a nota, o fogo já havia sido controlado quando a equipe chegou no local da ocorrência.
Dois servidores do CIP ouvidos pela reportagem dizem que no momento em que constataram o incêndio não havia extintores e tiveram que utilizar uma mangueira acoplada a um hidrômetro. Já Luzia Dora Juliano Silva, diretora geral do Grupo Executivo de Apoio a Crianças e Adolescentes (Gecria), o órgão responsável pela gestão do sistema socioeducativo em Goiás, garante que existiam extintores disponíveis e os bombeiros os utilizaram no combate ao fogo.
Na última sexta, internos do alojamento 1 do CIP colocaram fogo em um colchão no corredor da ala como forma de realizar uma reivindicação. No entanto, as chamas se espalharam para o interior da cela. Além dos nove mortos, um adolescente ficou gravemente ferido com 90% do corpo queimado. Ele está internado em estado gravíssimo no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia.
Durante a tarde desta segunda-feira (28), representantes do Gecria, do Judiciário, da Defensoria Pública e do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente participaram de reunião no Centro Estadual de Apoio ao Deficiente (Cead), na Vila Nova, para debater a situação do CIP. Familiares das vítimas também participaram do encontro. Foi deliberada a criação de um fórum de debate junto a chefes de poderes para adequar o CIP ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).
Por nota, a Secretaria Cidadã, responsável pelo Gecria, apenas informou que o titular da pasta, Murilo Mendonça, pediu celeridade nas investigações. Mendonça não participou da reunião desta segunda-feira, mas se encontrou com o delegado geral da Polícia Civil, André Fernandes de Almeida.
Uma orientação do governador José Eliton (PSDB) pede que apenas a Secretaria Cidadã se pronuncie sobre o assunto. A reportagem tentou contato pelo celular do secretário Murilo Mendonça, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. A assessoria da pasta informou que ele não dará entrevista e que as informações serão respondidas apenas por notas.
Também nesta segunda-feira, o Conselho Regional de Psicologia 9ª Região emitiu uma nota de solidariedade aos familiares e profissionais ligados ao CIP. A entidade responsabilizou o Estado pela tragédia, que estaria ignorando a “necessidade de especial respeito” à condição de pessoa em desenvolvimento.
Fonte: O Popular