A advogada Laís Fernanda Araújo Silva, 30 anos, foi vítima da atuação de uma quadrilha especializada em roubo de veículos que recebeu ordens de dentro da prisão por telefone para agir, informou o delegado Valdemir Pereira, responsável pela investigação. Pelo menos dois detentos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia são investigados por orquestrar e encomendar os carros. A identidade deles não foi revelada.

Até o momento, quatro pessoas foram detidas pela morte da advogada. Laís foi surpreendida por dois adolescentes, de 14 e 16 anos, ao tentar estacionar o carro no setor Alto da Glória, na noite do dia 10 de maio.

A dupla aguardava em um VW Gol branco, pouco antes da ação. Aos policiais, os jovens informaram que escolheram a advogada por ela estar distraída.

O mais novo relatou ter abordado Laís, que deu sinais de que iria sair do veículo, mas ela se assustou ao ver outro adolescente na lateral. Ela tirou o pé da embreagem e o veículo deu um “salto” antes de desligar. O jovem de 14 anos então disparou contra ela, que foi atingida no peito.

Os adolescentes foram apreendidos no último sábado (19) e tiveram a internação provisória decretada pela Justiça no domingo. Também no sábado, Luziane Ramos de Souza, 22, foi presa. Ela estava no veículo branco, junto do motorista Leandro Vicente, 38, que levou os jovens no dia do crime. O homem foi preso na noite de segunda-feira (21). Os adultos respondem por associação criminosa e latrocínio, que é o roubo seguido de morte.

Atuação

Segundo o delegado Valdemir Pereira, a quadrilha agiu em mais dois casos: no dia 7 deste mês, o grupo roubou um Renault Symbol. O veículo foi utilizado para roubar uma caminhonete Hilux, no dia 9, no setor Pedro Ludovico. A morte da advogada ocorreu no dia 10 e o bando já planejava mais uma ação no sábado (12).

O atirador de 14 anos alegou estar envolvido no roubo da caminhonete e no caso da advogada. Informalmente, porém, ele “respondeu ter praticado mais de 50 roubos em Aparecida e na capital. Disse que já tinha atirado em pessoas, mas não chegou a acertar”.

As ordens para os crimes partia de dentro da prisão. “No mínimo dois detentos são investigados. Eles ligavam e faziam os pedidos. A gente vai investigar essas pessoas e o que era feito com os carros. Geralmente é levado para desmanche,”, disse o delegado.

Presença feminina

O policial explica que os assaltos eram cometido por três ou quatro pessoas. Sempre uma mulher ia no banco do passageiro. “A ideia deles é de que por se tratar de uma mulher a polícia custa a abordar, o que não é verdade. Ela também recebia dinheiro por isso e também participou dos roubos”.

Além disso, os adolescentes seguiam no banco traseiro e um motorista conduzia o grupo. “Um adolescente fazia o roubo e o mais velho, que sabia dirigir, saía com o carro roubado. Depois o motorista ia seguindo eles, que levavam o carro para um lugar seguro, deixavam a chave em cima do pneu na roda traseira”. Receptadores depois recolhiam o carro roubado.

A participação de uma pessoa que repassava os valores pelos roubos também é investigada. “Eles roubavam uma caminhonete e recebiam R$ 10 mil. O dinheiro era depositado na conta de uma pessoa, que repassava o valor ao bando, e ficava com uma taxa por emprestar a conta. Vamos trabalhar para identificar essa pessoa e fazer um trabalho mais profundo, com possível quebra do sigilo bancário”.

Suspeita tem prisão preventiva decretada

A Justiça decretou, na terça-feira (22), durante audiência de custódia, a prisão preventiva de Luziane Ramos de Souza, de 22 anos. Ela é suspeita de envolvimento na morte da advogada Laís Araújo. 

Luziane foi presa no sábado (19), quando dois adolescentes também foram apreendidos no Residencial Itália, próximo ao Jardim Balneário Meia Ponte, em Goiânia. A arma usada no crime foi apreendida no local.

O caso é investigado pela polícia como latrocínio, que é o roubo seguido de morte. “Ela ajudou a roubar e foi indiciada por latrocínio. Ela também recebia dinheiro por isso”, relatou o delegado Valdemir Pereira, responsável pelo caso. “Inclusive no roubo do dia 7 de maio, eram dois homens e uma mulher que praticaram. A gente vai investigar se é ela. Os dois adolescentes sim, acreditamos que foram eles. Mas agora vamos ouvir a vítima para saber se ela está envolvida”, complementou o investigador.

Como consta na decisão sobre a prisão preventiva de ontem, do juiz Rogério Carvalho Pinheiro, quando adolescente, Luziane de Souza cometeu atos infracionais análogos aos crimes de roubo, tráfico de drogas e homicídio.

Fonte: O Popular