Não era uma situação confortável. Pelo contrário, naquela madrugada, o agente de polícia O. experimentaria os dez minutos mais difíceis de sua vida. Sim, hoje com 40 anos, sabia o que ele e os colegas do Grupo Tático 3, do Grupo Antirroubo a Bancos e da Rotam encontrariam pela frente – afinal, todos lidavam na rotina com assaltantes e homicidas. Mas, nem de longe, O. imaginava que a morte poderia convidá-lo ali, numa fazenda em um Estado vizinho, e sem cerimônia alguma, para uma jornada sem volta.
– Deus, permita que eu e meus irmãos voltemos para nossas casas!
As desvantagens em relação à quadrilha que enfrentavam eram muitas. Pouca visibilidade, local geograficamente desfavorável, superioridade do armamento dos assaltantes, e, para piorar – sempre dá para piorar, acreditem –, os coletes que usavam à época não eram apropriados contra a munição dos bandidos.
Apesar deste contexto, O. estava ali como chefe de uma das Equipes Táticas do GT3. Com quase 20 anos de polícia; doze deles atuando em operações de alto risco com o GT3. Com todo esse kwow-how na bagagem, dois fatores – experiência e treinamento – conseguiram ser mais certeiros do que os projeteis adversários. Depois de dez minutos ininterruptos de troca de tiros, as polícias civil e militar goianas concluíram a missão, sem baixas de policiais.
– Eram seis elementos. Cinco foram alvejados, chegamos a prestar socorro e levá-los para a cidade mais próxima, mas não resistiram. Um conseguiu fugir, entrando pelo meio da mata, e não o encontramos. Esse foi preso em dezembro do ano passado pela polícia do Distrito Federal.
Mas qual era a “praia” desta quadrilha?
– Um grupo extremamente perigoso e violento, armados com fuzis 7,62 mm automáticos e farta munição (bem mais do que todos os policiais que ali estavam). Todo esse arsenal era próprio e não alugado. Eles tinham roubado um carro-forte dois dias antes de fazermos o cerco.
No ano passado, com a posse do governador Ronaldo Caiado, todas as quadrilhas especializadas em roubo a banco foram desarticuladas. “Tanto que não vemos mais este tipo de crime em Goiás. Eles migraram para Estados vizinhos”, assegurou o agente.
Alguém por aí viu alguma semelhança com a frase de impacto descrita na empena pregada na fachada do Palácio Pedro Ludovico? Se sim, outra pergunta se faz pertinente: como isto está sendo possível?
“Caiado é um entusiasta da polícia, dá liberdade para o nosso trabalho, temos apoio institucional. Esse é um governo limpo e honesto, por isso ele não teme as operações policiais”, respondeu, sem rodeios, O., o agente que sobreviveu à madrugada mais tensa de toda a sua vida.
Por Carla Lacerda
Secretaria de Estado de Comunicação
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