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UNIÃO GOIANA DOS POLICIAIS CIVIS

Força-tarefa investiga circunstâncias da morte de motorista de aplicativo em Varjão

Após um dia de muita comoção, a morte do motorista de aplicativo Fábio Júnior Oliveira Santos, de 38 anos, segue cercada de dúvidas. Ele perdeu a vida na tarde da última terça-feira (29) em uma ação registrada como confronto contra a Polícia Militar (PM), na zona rural de Varjão, Sul de Goiás. A PM afirma que o homem fazia parte de uma quadrilha de roubo de gado. A família diz que ele era trabalhador e acredita que o motorista tenha sido feito refém pelos criminosos.

Fábio foi alvejado na cabeça, no ombro e na região do abdome. Um dos disparos deixou o rosto do motorista parcialmente desfigurado.

As equipes envolvidas são do batalhão especializado Choque. No relato da PM, que consta no Registro de Atendimento Integrado (RAI), repassado pela assessoria da Polícia Civil, a informação registrada é que quatro pessoas “fortemente armadas” em um carro branco “estavam rondando a cidade de Varjão e suas vicinais”. O relato afirma que as informações foram obtidas via Disque Denúncia do Batalhão de Choque e “direcionavam a uma quadrilha especializada em roubos de propriedades rurais”.

Diante das informações, segundo o relato, as equipes “se deslocaram para a região e intensificaram o patrulhamento, visando localizar e prender tais indivíduos”. Ainda segundo o RAI, “os indivíduos desembarcaram, todos armados e efetuando disparos, vindo a alvejar a porta do comandante da equipe. Os policiais desembarcaram revidando a injusta agressão, momento em que ocorreu uma intensa troca de tiros”.

No IML de Aparecida, deram entrada os quatro corpos ao mesmo tempo, incluindo o de Fábio Júnior. Os outros três mortos são: Francisco Guedes dos Reis, Luiz Roberto Almeida Xavier e Matheus Araújo de Souza. No registro da ocorrência realizado pela PM, constam quatro mortos não identificados. Entretanto, apesar de não ter sido identificado no relato da PM, Fábio possuía documento de identificação.

A mulher de Fábio, Mayzia Jacinto, acredita que o marido estava sendo feito de refém. Ele outros familiares garantem que o homem nunca teve arma. “Meu marido não era bandido. Ele saiu de casa para trabalhar”, disse em prantos a mulher durante o velório, na tarde desta quinta-feira (31). Ela só descobriu que o marido estava morto após ir a uma delegacia de Senador Canedo, onde mora, com familiares para registrar o desaparecimento do homem, na tarde da última quarta-feira (30).

De acordo com ela, na delegacia foram informados que o homem estava morto e que o corpo estava no Instituto Médico Legal, (IML) de Aparecida de Goiânia desde a noite de terça-feira. Foi relatado a eles, ainda, que o homem havia sido morto em um confronto contra a polícia, mas sem detalhar as circunstâncias. A reportagem apurou que a placa do carro de Fábio constava na ocorrência de confronto de Varjão.

Mayzia conta ainda que o marido saiu de casa às 5h30 de terça-feira e que falou com ele pela última vez por volta das 10h20. Ela perguntou se ele havia comprado carne e ele afirmou que à tarde iria comprar. Como Fábio não respondeu mais, Mayzia acreditou que ele havia pegado alguma corrida de longa distância – o que por vezes acontecia. Como ele não respondeu ao longo da terça-feira, resolveu ir à delegacia na tarde de quarta-feira (30).

Investigação

Para apurar em qual situação se deu a morte do motorista de aplicativo, o delegado regional de Trindade, André Fernandes, que cobre a área de Varjão, montou uma força-tarefa para juntamente com a Polícia Técnico-Científica. Durante toda a tarde, a equipe realizou perícias no local e ouviu testemunhas que ouviram o tiroteio e deram mais detalhes sobe o caso.

Sobre o RAI, que consta que os quatro homens estavam armados e dispararam contra a polícia, inclusive Fábio Júnior, Fernandes afirma que a investigação irá apurar o que aconteceu e a circunstâncias da ocorrência de troca de tiros. “É a palavra da PM, é o registro deles. Eles serão ouvidos e provavelmente irão manter esta história. A Polícia (Civil) irá investigar tudo, ver se confere com provas técnicas, etc”, disse.

O delegado explica que a Polícia Civil apura o motivo pelo qual estava no local naquele momento e com aquelas pessoas. “Ele foi contratado para levar? Estava junto? Precisamos dessas respostas ainda”, afirmou.

Questionado se havia a possibilidade de o motorista de aplicativo ter sido morto por engano, André Fernandes pontuou ser prematuro antecipar qualquer situação, uma vez que a força-tarefa está começando agora. Segundo ele, deve ser feita uma reconstituição do crime e os policiais militares ainda serão ouvidos.

Mulher de Fábio Júnior, Mayzia Jacinto, é carregada ao deixar Cemitério Municipal de Senador Canedo, onde corpo do marido foi sepultado na manhã desta quinta-feira sob forte comoção

4 Perguntas para Mayzia Jacinto
Esposa do motorista de aplicativo morto refuta versão de que ele seria criminoso

1 – O Batalhão de Choque que foi ao local onde seu marido foi morto alega que se tratou de um confronto com a PM, e que Fábio faria parte de uma quadrilha. Você confirma esta versão?
Não. O que estão tentando fazer é encobrir os fatos. Não sei quais foram as circunstâncias que tudo aconteceu. Minha cabeça está cheia de pontos de interrogação, mas meu marido não era bandido, não era ladrão.

2 – A PM afirma também que Fábio tinha passagens pela polícia. Ele já foi preso ou teve passagens?
Ele só teve uma ocorrência, que eu mesma fiz em um momento de raiva por uma briga de casal em 2017, mais nada. Ele era um homem honesto, trabalhava como taxista antes de ser motorista de aplicativo, e até 2017 era vigilante. Nós temos uma pequena loja e ele trabalhava como motorista de aplicativo para complementar a renda de casa.

3 – Você falou que pontos de interrogação permeiam a sua mente. Quais informações você questiona?
Muitas. Primeiro que o corpo dele ficou o dia todo lá com eles e não me ligaram, nem pra ninguém da família, sendo que eles tinham o documento dele lá. Além disso, os outros três não tinham documentos, mas meu marido tinha, porque ele era o único? Eu te respondo, porque não devia nada. Também não me explicaram como ele morreu direito, e principalmente quero saber onde está o celular dele. Não me entregaram e isso é muito estranho.

4 – Agora, diante de tantas dúvidas e esta situação, qual será o próximo passo?
Agora meu sofrimento é grande demais, mas preciso saber o que houve com meu marido. Me disseram que um laudo pode sair em até 30 dias, então aguardo respostas. Quero justiça.

Foto: Fábio Lima

Fonte: Jornal O Popular

Link: https://www.opopular.com.br/noticias/cidades/for%C3%A7a-tarefa-investiga-circunst%C3%A2ncias-da-morte-de-motorista-de-aplicativo-em-varj%C3%A3o-1.1922257



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Nascida de um ideal de aproximação da família policial, revivida de esforços coletivos e abnegada dedicação, criou-se a Associação da Polícia Civil…

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