Causos, contos e prosas

DUAS PARTES DA LARANJA

 

 


Não quero deixar escapar por entre dedos
as vidas lançadas no espaço de nossos dias
nas vias do viver, nas épocas não perdidas
mas em coma de nossa consciência.
Nacos de suspiros tóxicos na busca de
imagens que não me abandonam,
refletidas nas paredes do espírito
filme infinito, permanente, eterno
em busca do sorriso lacrado, lábios cerrados.

Quero viver em teus sonhos, perder-me em campos floridos
viajar em teus cabelos, ser peregrino nos mundos
de nossa presença, no carinho do anjo infinito.
Abrigar do frio no calor de seus braços
tocar as estrelas de teus olhos, tatuando o espaço
da dor, da solidão, do amor que nunca tive

O mundo não é o mesmo, norte e sul
são as duas parte da laranja que choram o doce-amargo
suco da saudade, a dilacerar almas, caminhos,
a palmilhar o garimpo de sonhos engolidos pelas
linhas que riscam as páginas das impressões
carimbadas no rosto desfalecido pelo tempo.

Cai à terra sementes de solidão que brotam esperança
em pequenas flores de ilusão, pedacinhos da laranja
arvore renasse sobre lírios ressecados, carinho ofertado
pelas mãos que cavam a cova do tempo, esquecido, distante
é a mulher amada a velejar pelos caminhos riscados
na areia da esperança, são os grãos de pólem a cultivar
o amor distante repousado no fundo de meus sonhos.





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Wladimir Slywitch, é escrivão de polícia de 1ª classe, poeta, artista plástico (pintura e objetos confeccionados em madeira - arte do TRAFORO de origem italiana), detentor de premiações em artes plásticas e literatura em Goiânia. Praticante de xadrez.

 

Trabalho publicado em: 20/08/07