Um quarto da população de Goiânia vive nas regiões Oeste e Noroeste, que concentram 45% dos homicídios que ocorreram na capital entre janeiro e agosto deste ano. As duas áreas são foco do projeto “Em Frente, Brasil”, do Governo Federal, que se tornou mais visível nas duas últimas semanas, com a chegada de 100 homens da Força Nacional.
Com objetivos ousados, o “Em Frente, Brasil” se apresenta não apenas para aumentar o policiamento de rua, mas também para identificar e sanar os problemas sociais dessas regiões de Goiânia, além de outras quatro do país, atingindo as raízes do que incentiva à criminalidade. Pesquisadores do Instituto Federal de Goiás realizam uma pesquisa de campo para levantar as demandas dos setores e um serviço de inteligência da polícia busca se aprofundar no estudo das manchas criminais para orientar os próximos passos da força-tarefa.
Pensando nisso, a reportagem do POPULAR foi até alguns dos principais bairros das regiões Oeste e Noroeste, que se destacam pela quantidade de crimes patrimoniais e contra a vida. De pontos comuns estão a demanda por mais serviço público e a convivência com o homicídios de jovens e adolescentes conhecidos que entraram para a criminalidade.
No Goiânia Viva, campeão de homicídios das regiões Oeste e Noroeste, moradores mais antigos relatam a diminuição de ondas de assaltos, mas contam com naturalidade sobre a morte de pessoas supostamente envolvidas com o crime. “Uma vez a cada dois meses um morre de faca”, contabiliza Rogélia Conceição, de 42 anos, que abriu há dois anos um supermercado de frente ao espaço da feira do bairro, cenário de algumas dessas mortes. Segundo o site da Secretaria de Segurança, entre janeiro e agosto deste ano, cinco pessoas foram mortas no bairro.
Já na Região Noroeste, o conselheiro tutelar Jhonny Moreno, de 31 anos, conta que recebe muita demanda de crianças em situação de pobreza extrema dos setores JK e Jardim Helou, pontos críticos da região. “São muitos casos de família que não tem o que comer, que o pai e a mãe estão desempregados. Isso é cotidiano aqui”. Além disso, Jhonny diz que recebe denúncias de pontos de venda de drogas próximo a colégios da região. Ele conta casos que se repetem, de jovens que abandonam estudos e entram para o tráfico.
Para lidar com a insegurança, bairros adotam grupos de WhatsApp com moradores considerados confiáveis, onde são repassadas informações de ocorrências e suspeitas de ação criminosa. É o que acontece, por exemplo, no Capuava, que possui dois grupos. O assistente administrativo Diego Garcia, que é conselheiro de segurança pública da região e participa dos grupos, defende que segurança não é feita só de policiamento, mas de voluntários.
Em alguns bairros, moradores recorrem à segurança irregular, como no Parque Santa Rita, na região Oeste, em que algumas ruas chegam a ser fechadas com cavaletes, obrigando o motorista a diminuir a velocidade e andar em zigue zague.
Foto: Fábio Lima
Fonte: https://www.opopular.com.br/noticias/cidades/o-que-a-popula%C3%A7%C3%A3o-espera-da-for%C3%A7a-nacional-1.1887392