Uma semana após o assassinato do soldado da Polícia Militar (PM) Walisson Miranda Costa, de 28 anos, a mãe dele, Anísia Francisca de Miranda, ainda tenta entender o que aconteceu com o filho no domingo passado (22), durante um patrulhamento em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana.
O soldado foi morto com um tiro na cabeça dentro de uma viatura descaracterizada da Comando de Policiamento Especializado (CPE). “Eu quero justiça. Eu quero saber quem atirou no meu filho. Quem tirou a vida do meu filho? É isso que eu quero. Eu não vou sossegar enquanto eu não souber quem atirou no meu filho”, disse a mãe do soldado.
Ninguém ainda foi preso e a Polícia Civil não divulgou detalhes da investigação nem para os familiares, segundo contou a mãe. A corporação diz que a investigação está em pleno andamento, e que só vai se manifestar quando o caso for solucionado. “Ele saiu para trabalhar. A paixão dele”, comentou Anísia.
Walisson era o único homem dos quatro filhos que Anísia tem. Ela conta que o jovem perdeu o pai quando tinha 15 anos e, de
Walisson, segundo a mãe, passava horas com os filas Simba e Stieve. Só trocava a dupla de cães pela paixão maior: a Polícia Militar. “Virava a noite estudando para poder passar no concurso, porque ele queria ser polícia. Aí ele falou assim: ‘A senhora ainda vai ter orgulho de mim’, contou a mãe emocionada.sde então, era quem acompanhava a mãe em tudo. “Ele que cuidava de mim e da casa. E dos cachorros”, disse.
No entanto, lembrou que até ficou feliz com a aprovação do filho no concurso, mas que o coração de mãe ficava apertado temendo que algo de mal pudesse acontecer com o filho.
“Ele falou: ‘Passei mãe’, e eu disse: Nem acredito, meu filho. Aí eu falei: Mas na polícia meu filho? A polícia não. Ele falou eu gosto é da polícia. Eu morria de medo. Eu ficava tranquila quando ele chegava em casa. Quando eu via abrir a porta, eu falava: Graças a Deus, meu filho já chegou”, contou.
O quarto de Walisson está como ele deixou. A mãe não pretende mexer em nada, por enquanto. Lá estão vários objetos que mostram a paixão dele pela profissão, além de fardas e um quadro com uma foto do jovem que a mãe segura com orgulho e saudade. “É um buraco que faz dentro da gente. Não ouvir seu filho te chamar de mãe ou mamãe mais, é doído demais. Eu só queria um pouco mais tempo para ficar com o meu filho. Não consigo comer. Parece que está ali o tempo todo na minha frente”, contou a mãe.
Dia do crime
De acordo com informações da Polícia Militar, os policiais faziam patrulhamento no Anel Viário, na noite de domingo, em um veículo descaracterizado, quando foram surpreendidos pelos criminosos, que estavam em uma caminhonete preta.
Os atiradores fugiram. Câmeras de segurança filmaram o veículo deles em alta velocidade logo após o atentado. A caminhonete foi abandonada às margens da GO-040.
Walisson levou um tiro na cabeça e foi encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) em estado gravíssimo. Ele passou por cirurgia durante a madrugada, mas não resistiu.
Outro policial levou um tiro de raspão no ombro. Ele foi liberado após atendimento médico.
Investigação
Apesar de a investigação estar em sigilo agora, o delegado Charles Lobo disse em entrevista anterior que nenhuma hipótese está descartada. Segundo ele, chegou a ser informado que o tiro que matou o soldado tivesse sido feito por um outro policial, que não estava no veículo.
“Foram várias informações que chegaram até nós, não descartamos nenhuma, mas também ainda não foi identificada veracidade em nenhuma dessas de que um policial civil teria feito esse disparo. Também houve informação de que um policial militar teria efetuado o disparo. Nós, então, não descartamos nenhuma das hipóteses, mas também não foi comprovada nenhuma delas”, comentou o delegado em entrevista anterior.
Ainda segundo Charles Lobo, também estava sendo avaliado se o ataque feito ao carro da polícia descaracterizado tinha relação com o trabalho de investigação que os policias faziam no dia do crime.
Militares do Comando de Policiamento Especializado (CPE) entregaram na quinta-feira (26) à Polícia Civil armas que estavam sendo usadas pelos policiais da equipe do soldado.
A entrega das armas aconteceu um dia após os três policiais que acompanhavam Walisson na ocorrência prestarem depoimento na sede do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) da cidade.
No entanto, as polícias Civil e Militar não confirmaram quantos e quais foram os armamentos entregues.
Foto: Reprodrução/TV Anhanguera
Fonte: G1 Goiás
Link: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2019/09/29/mae-de-pm-morto-espera-por-resposta-uma-semana-apos-o-crime-quero-saber-quem-atirou-no-meu-filho.ghtml