Em 10 dias, cinco bairros de Goiânia viram o número de casos confirmados de infecção por novo coronavírus (Sars-CoV-2) ao menos dobrar e, assim, atingir a marca de 10 ocorrências ou mais. Ao todo já são 9 bairros que atingiram este patamar. Entre os dias 22 de abril e 2 de maio, o número de bairros com registro de Covid-19 subiu mais 53, chegando a 140.
O Setor Marista teve um salto de 6 para 16 casos comprovados por meio de teste, o que representa 166%. Já o Jardim América e o Parque Amazônia passaram de 7 para 14 e o Setor Pedro Ludovico, de 5 para 10, todos com um aumento de 100%. Outros bairros aparecem com um aumento também superior a 100%, mas com um número total de casos inferior a 10, como o Setor Alto da Glória, que passou de 1 para 4 moradores contaminados.
Os setores Bueno e Oeste continuam à frente entre os bairros com mais casos, o primeiro tendo um aumento de 67,7% e o outro, de 44,4% em 10 dias. No dia 23 de abril, O POPULAR mostrou que na época o coronavírus avançava com mais força em 16 bairros, com base nos registros de casos confirmados. Destes 16, três interromperam a escalada de casos: Setor Cândida de Morais, Parque Oeste Industrial e Recanto dos Bosques.
Aliás, dos 140 bairros com casos registrados de Covid-19, 33% não tiveram evolução no período analisado pelo POPULAR. É o caso, por exemplo, do Setor Real Conquista, que desde o dia 7 de abril só tem confirmado um único caso. Outro bairro que não apresenta nenhum aumento desde a mesma data é o Parque Eldorado Oeste, ainda com um caso apenas.
O levantamento feito pelo POPULAR é com base nos dados repassados pela plataforma sobre a Covid-19 criada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com base em dados dos boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). Eles levam em conta os casos confirmados da contaminação, cujos testes são feitos basicamente em pacientes em estado grave, quando pela rede pública de saúde, ou pelo menos sintomáticos, quando pela rede particular.
Esta diferença entre o público testado pela rede pública e particular explicaria, também, a diferença de casos registrados em bairros centrais e periféricos, uma vez que as autoridades locais ainda não conseguem distinguir quais os setores com mais risco de contaminação na cidade. O fato de o Bueno ter mais casos que o Jardim América, por exemplo, não significa necessariamente que o contágio é maior por lá, pelo baixo número de pessoas testadas.
Apesar de o período analisado pelo POPULAR começar no primeiro dia útil após a flexibilização das medidas restritivas de atividades econômicas impostas pelo governo estadual, para a SMS ainda não dá para dizer que o aumento no número de casos tem ou não relação com o relaxamento. Entretanto, ainda segundo a pasta, com o aumento da circulação de pessoas fica mais difícil medir a disseminação do novo coronavírus em cada bairro, no sentido de avaliar qual o potencial de transmissão em cada setor da capital.
O superintendente em Vigilância Sanitária da SMS, Yves Mauro Ternes, acredita que após a flexibilização a evolução notada nos bairros centrais deve ocorrer também em bairros periféricos. Por enquanto, o crescimento tem sido no número total de bairros, quando se analisa os boletins epidemiológicos. “Esse tipo de avaliação (feita pela reportagem) é mais válido quando o isolamento é maior e as pessoas estão circulando menos.”
Ternes explica que em todo caso confirmado de Covid-19 uma equipe do serviço de telemedicina entra em contato com a pessoa para investigar se teve algum parente que mora na casa ou contato também sintomático. Mas, conforme O POPULAR mostrou, estes casos – apesar de monitorados – não são testados e confirmados se não culminar em internação.
O superintendente afirma que desde a segunda-feira (27), quando a Prefeitura passou a testar casos sintomáticos leves por meio do laboratório contratado, e início do inquérito epidemiológico, na quinta-feira (30), primeiramente testando profissionais da saúde da rede municipal, mas estendendo a pesquisa para a população em geral sintomática ou não, será possível ter uma noção mais realista da expansão do coronavírus na capital.
Fonte: Jornal O Popular